O ex-meia Jean Carlo recorda, no Boteco do Ortiz, curiosidades do fim da fila de 17 anos sem títulos do Palmeiras com a conquista do Paulista de 1993 diante do Corinthians, de Viola.
Boteco – Vocês sentiram a pressão da fila de títulos?
Jean Carlo – 93 sim, 92 não. Eu não tinha essa dimensão. Porque eu joguei no Cascavel, da minha cidade. O que eu me preocupava no começo da carreira? Queria jogar no estádio do Cascavel. Lá iam 45 mil pessoas, um gramado fantástico, onde já tinham jogado São Paulo, Palmeiras, Grêmio…
Boteco – Em 93 começou a sentir a pressão?
Jean Carlo – Começou porque viram que tinha um timaço. Aí se empatava em casa com um Santo André, Juventus era problema. Houve muitos percalços até o jogo do Corinthians.
Boteco – Na final em que o Viola fez aquele gol, gerou uma preocupação: “será que vamos ficar sem título de novo?”
Jean Carlo – É, nós ganhamos o título na semana. Foi a melhor coisa ter perdido o primeiro jogo, ainda mais com o Viola fazendo aquilo tudo. Nós trabalhamos toda a semana em cima das comemorações. Uniu muito o grupo. Saiu um monte de entrevista deles falando que o Viola comeu feijoada depois do jogo, cabeça de porco, orelha de porco, tudo de porco. Brunoro, gerente da Parmalat, pegou todos os vídeos, recortes de jornais e levava pra gente. Aí o Nelsinho foi elogiar o Corinthians, mas acabou menosprezando a gente. Falou que raça, vontade, você não conquistava da noite pro dia. Que a raça era corintiana né, que o Palmeiras era mais técnico. Aí na preleção nós ganhamos o título mais ainda. Que a hora que acabou a preleção do Vanderlei parecia que o jogo já tinha começado ali. A gente percebeu que ia ganhar o jogo. O grupo viu que não adiantava só individualidade.
Boteco – Esse foi seu título mais especial?
Jean Carlo – Esse e o Brasileiro. Paulista na época era muito comemorado e estava 17 anos sem título. Em 93, nós ganhamos o Paulista, Rio São Paulo e o Brasileiro. E o Rio São Paulo eu conto muito porque ganhei jogando.
Boteco – E também contra o Corinthians na final…
Jean Carlo – Contra o Corinthians, ganhamos três títulos em cima do Corinthians. Você jogar os dois jogos contra Corinthians na final, Pacaembu, foi muito especial. O Corinthians era o favorito, eles tinham levado Rivaldo, Válber e Leto do Mogi. Tinham mais know-how que a gente. Jogamos eu, Flávio Conceição, Amaral, Alexandre Rosa, Maurílio, com Cesar Sampaio, Roberto, Edmundo e Edílson. Jogamos um jogo na quarta, que o Edmundo foi expulso, meteu o pé no Marcelinho Paulista, mas ele tinha feito os dois gols do jogo, ganhamos de 2 a 0 e empatamos o segundo jogo.
Boteco – Você e Maurílio estavam sempre entrando…
Jean Carlo – Sempre, depois o Amaral. Porque na época eram quatro jogadores só no banco mais o goleiro. Eram duas substituições. E o elenco do Palmeiras era muito bom, ficavam quantos de fora. Eu, Maurílio, Amaral e Tonhão eram os quatro que mais ficavam no banco. Maurílio era muito versátil. Eu jogava como segundo volante, meia ou atacante. Então Vanderlei aproveitava mais a gente. E a gente quando entrava nos jogos com 3 a 0 pra gente, eu começava a fazer firula, dava de calcanhar, virava a cara, aquele negócio. Não para tirar sarro, era para fazer a minha propaganda.
Boteco – Você gostava de fazer uma graça?
Jean Carlo – Fazer meu comercial, né, pô? Já tá 3 a 0 pra gente, vou fazer o que aqui? Vou fazer uma graça. Vanderlei me chamou. “Japonês, você quer melhorar? Para com essas coisinhas, fazer graça, não vai virar nada para carreira”.
Boteco – Jean Carlo volta no último capítulo de suas histórias, para lembrar curiosidades da época de Guarani e contar como o ex-presidente Beto Zini escalava jogadores.