Para iniciar esta conversa, preciso dizer uma coisa: eu votei em Gustavo Stupp. Ponto. Gustavo Stupp fez até aqui – e não vai mudar até o fim – a pior gestão à frente da Prefeitura desde o final da década de 1950, que é desde quando eu acompanho a política local. Um governo desastroso. Mas, não foi Stupp que fracassou. Ele fez o que andou lhe dando na telha. O rapaz não tinha grupo para a campanha, não tinha grupo para governar e não sabia como tornar reais as ideias mirabolantes que carregava na cachola. Portanto, ele não fracassou. Ele foi a Lei de Murphy.
Fracassou, em verdade, a maioria, a cidade como um todo. O fundo do poço só foi alcançado porque em instante algum houve ação coletiva em defesa da cidade. Stupp fez o suficiente para ser defenestrado. Mas, as reações, quando não de omissão pura, jamais expressaram um mínimo de amor e respeito pela cidade.
As reações foram meramente políticas, com viés politiqueiro em muitos casos. Detratar Stupp era bom para os interesses políticos contrários. Salvar a cidade, que deveria ser a causa, jamais foi alvo de algum movimento orgânico, sincero, responsável e pragmático.
Vereadores, partidos políticos, pretensas lideranças políticas e alguns “gatos pingados”, ao gosto do prefeito, se bastaram com as conversas de sábado de manhã na Praça Rui Barbosa. Ou manifestações com tamanho e ruído incapazes de serem percebidos uma quadra adiante de onde se feriam.
Fracassei eu. Sim, por subordinar-me ao dever ético do silêncio em razão de meus compromissos com o governo municipal vizinho de Mogi Guaçu. E assim, cada um que fracassou abriu caminho para a desastrada condução administrativa que testemunhamos.
Alguém, em algum momento, tentou ou ao menos pensou em mobilizar forças econômicas, sociais, religiosas e de tantos outros matizes, para discutir a hipótese de botar um freio no veículo desgovernado que despencava ribanceira abaixo?
Não. Estou certo que não. Fez-se discurso. Em alguns casos, na forma de samba de uma nota só: pelo Parque das Laranjeiras, pelo Parque do Lavapés e por outras miudezas com potencial para alavancar dividendos político-eleitorais.
Berros, esbravejos, gritos descontrolados, exibições de poder e arrogância não faltaram. Ecoaram pelo sacrossanto plenário do Legislativo, a Casa do Povo. Onde não foi o povo o personagem central – e único, como deveria ser.
Stupp fez o previsível. A cidade fracassou e vai pagar caro por isso. O irreparável está feito. Cumpre por paradeiro, ainda que tardiamente.
Ricardo, Ernani, Carlos Nelson, Maria Helena, Cinoê, Quaglio, Marcúrio, Marcos Godoy, Márcia Róttoli, Luzia, Paulo Silva e outros autoproclamados pré-candidatos à Prefeitura, que desconheço ou se escondem na minha memória: vocês ainda têm uma chance de pensar a cidade antes do voraz desejo de poder.
Façam o favor de não prolongar o fracasso. O fracasso é nosso e, em grande medida, de vocês.
Valter Abrucez, jornalista – Texto originalmente publicado na página de Valter Abrucez no Facebook