sábado, novembro 23, 2024
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Outra vez, Bem-Estar Animal é alvo do MP; quase 2 mil animais esperam castração

Mais uma vez, o Bem-Estar Animal (BEA) foi denunciado ao Ministério Público (MP) local. Uma representação, dos vereadores André Mazon (PTB) e Sônia Regina Rodrigues (PP), aponta que está suspenso todo o atendimento realizado pelo órgão municipal devido à falta de medicamentos e equipamentos veterinários. Ainda segundo os parlamentares, quase dois mil animais estão na fila de espera para a castração. Os números, referentes até outubro de 2017, foram solicitados à Prefeitura por meio de ofícios dos vereadores.

Animais sofrem com a falta de medicamentos e equipamentos veterinários (Foto: Ana Paula Meneghetti)

Durante visitas correntes aos bairros, em especial às regiões mais carentes de Mogi Mirim, Mazon e Sônia identificaram animais sem assistência e castração, sendo que muitos estão em “estado deplorável”, com ferimentos graves, entre outras enfermidades. Além disso, eles também destacaram, na documentação enviada ao MP, que o BEA não possui, de forma satisfatória, agente público e veículos para o resgate e segurança de, aproximadamente, 200 animais que estão sob a guarda do Município.

Os parlamentares ainda apuraram, junto ao departamento, que não houve compras de medicamentos e acessórios veterinários, no ano passado, porque não apareceram interessados nas licitações promovidas pela Administração. A denúncia dos vereadores de que há omissão no controle de natalidade de cães e gatos, devido à falta do serviço de castração, foi deferida pelo promotor substituto Rodrigo Cambiaghi Lourenço. A representação será acrescentada ao inquérito já aberto pelo MP, em 2016, contra o Executivo e o BEA.

Em nota, encaminhada à reportagem na semana passada, quando a Associação Vida, grupo de voluntários independentes em defesa dos animais, levou o tema à Câmara Municipal, a Prefeitura afirmou que tem procurado intensificar as atividades do BEA, mesmo diante dos recursos financeiros limitados. A Secretaria de Meio Ambiente informou que já estuda formas para aumentar o abrigamento de animais, o que pode acontecer por meio de um chamamento público. A possibilidade já foi levada ao prefeito Carlos Nelson Bueno (PSDB) e está em estudo nas secretarias responsáveis.

Relembre
Em agosto de 2016, a Promotoria de Justiça abriu um inquérito civil para apurar irregularidades no trato de animais em situação de rua. A Prefeitura de Mogi Mirim e o departamento do Bem-Estar Animal (BEA) eram os alvos da investigação. Na época, a denúncia chegou ao MP por meio de uma representação da advogada Silvana dos Santos Dimitrov. De acordo com o documento, o Município não vinha prestando seu trabalho como defensor dos direitos dos animais, principalmente daqueles em situação de rua. Os serviços executados pelo BEA foram apontados como insatisfatórios.

Município não vinha prestando seu trabalho como defensor dos direitos dos animais (Foto: Ana Paula Meneghetti)

Diante das falhas, a promotora de Justiça Paula Magalhães da Silva Rennó expediu um ofício endereçado ao Governo Municipal para que informasse as medidas que vinham sendo tomadas. No entanto, segundo o MP, o secretário interino de Sustentabilidade Ambiental, Wilson Rogério da Silva, limitou-se a afirmar que “as denúncias noticiadas serão objetos de novas vistorias para a adoção das providências cabíveis no que diz respeito às atribuições do Bem Estar Animal”.

O abrigo, antes administrado pela ONG Vida, foi assumido pela Prefeitura e, desde então, os animais estão sob a tutela do BEA. Ainda em setembro de 2015, O POPULAR publicou uma reportagem na qual uma outra denunciante relatava o descaso da Administração Municipal com relação aos cães. Segundo ela, faltavam medicamentos, a ração era de má qualidade e o local aparentava estar abandonado.

A Lei Estadual nº 11.977, de agosto de 2005, que institui o Código de Proteção aos Animais do Estado, determina que os Municípios mantenham programas permanentes de controle de zoonoses, através de vacinação e controle de reprodução de cães e gatos, ambos acompanhados de ações educativas para propriedade ou guarda responsável. A mesma lei ainda veda qualquer atividade capaz de causar sofrimento ou dano aos animais e proíbe que os mesmos sejam mantidos em locais desprovidos de asseio.

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