A Polícia Civil de Mogi Mirim apreendeu, na última semana, cinco adolescentes suspeitos de terem cometido um espancamento, na região central, que levou o operador de máquina Ademir Aparecido Soares da Silva, de 39 anos, à morte. O crime ocorreu por volta das 19h do dia 4, sexta-feira. A vítima, que era moradora do conjunto Istor Luppi, em Itapira, foi encontrada caída, com diversos ferimentos, principalmente na cabeça, à Rua Ministro Firmino Whitaker. O homem foi a óbito na Santa Casa local, na madrugada de sábado.
Antes do caso completar uma semana, os investigadores conseguiram ter acesso às imagens registradas por câmeras de segurança de residências e estabelecimentos comerciais, situados naquela via, e chegaram aos suspeitos. Esse já é o sexto homicídio, em 2018, na cidade. Dos cinco menores identificados, quatro confessaram o ato criminoso. As apurações ainda devem continuar, uma vez que, segundo a polícia, até dez pessoas teriam participado do espancamento.
Os menores apreendidos têm entre 15 e 17 anos e são de Campinas, Limeira e Nova Odessa. Os investigadores informaram que eles são internos da unidade de Semiliberdade da Fundação Casa, do bairro Saúde, e cumprem medidas socioeducativas por tráfico de drogas e roubo. De acordo com a Civil, em depoimento, os menores relataram que estavam na Praça Floriano Peixoto, o Jardim Velho, quando outros jovens passaram e apontaram o operador, chamando-o de “Jack”, gíria para estuprador, usada por detentos.
Nesse momento, começaram a correr atrás da vítima pelas ruas do Centro, chegando à Rua Firmino Whitaker. Isso porque, conforme alegaram os adolescentes à polícia, a vítima teria estacionado sua moto pela praça e, em um ponto de ônibus no local, passado a mão na perna de uma menina e se masturbado ao lado dela. Até então, a jovem não havia procurado a delegacia.
Os investigadores revelaram que, em 2016, o operador foi visto estimulando os órgãos genitais em um cemitério, em Itapira, caso reportado em Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO), na época. A polícia acredita que Silva tenha vindo para Mogi porque já era figura conhecida na outra cidade.
O crime
A irmã da vítima, que registrou o caso na Delegacia de Mogi Mirim, contou que o operador saiu de casa, no dia 4, às 13h30, com destino ao trabalho, em Itapira. Contudo, por volta das 23h, ela recebeu uma ligação da Santa Casa informando que seu irmão havia dado entrada no Pronto-Socorro, às 19h40, como vítima de agressão, em estado grave. O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) chegou ao local do crime depois de 15 minutos e socorreu a vítima. Segundo a Polícia Civil, o motivo da morte foi traumatismo craniano.
A reportagem teve acesso às imagens das câmeras de monitoramento, mas não pôde divulgá-las, por ordem da autoridade policial, por se tratarem de menores envolvidos. Nos vídeos, é possível verificar quando a vítima desce a Firmino Whitaker correndo, com o capacete ainda em mãos, cai e começa a receber chutes e socos, inclusive, com a cabeça contra a guia.
O quadro do paciente se agravou e ele foi a óbito à 0h10. A irmã disse à Polícia que o operador não usava drogas ou álcool. O corpo do operador foi removido ao Instituto Médico Legal (IML) de Mogi Guaçu e, posteriormente, seguiu para Godoy Moreira-PR, para velório e sepultamento.
Localização da moto
Uma equipe da Guarda Civil Municipal (GCM) localizou a moto da vítima, uma Honda GC Titan, azul, estacionada no Jardim Velho, às 22h50 do dia 4. Segundo os guardas, munícipes acionaram a corporação e disseram que menores da Fundação Casa estavam conduzindo uma moto, na área central.
No local, os cinco menores foram abordados e confirmaram que eram da Fundação, mas disseram não saber nada sobre a moto e nem quem teria deixado o veículo na praça. Os GCMs verificaram que a moto não tinha queixa de furto ou roubo, mas com estava com o miolo da chave estourado.