Exatamente hoje, dia 15 de julho de 2022, se completam sete anos do período mais obscuro e nebuloso em mais de 100 anos de história de um dos grandes patrimônios de Mogi Mirim. Foi a data que marcou o início da “Era Luiz Henrique de Oliveira” à frente do Sapão da Mogiana. Tudo o que foi construído a partir de 14 de outubro de 1903 e se solidificou em 112 anos, praticamente desmoronou em seis.
O clube pioneiro dos campeonatos de futebol no interior do Brasil saltou do amadorismo para o profissionalismo em 1954, se consolidando nesta condição a partir de 1970. Na década de 1980 se meteu entre os grandes e por ali achou o seu verdadeiro lugar. Espaço que foi sequestrado após Oliveira, sua família e demais camaradas pegarem para si a caneta principal do clube.
Foram cinco rebaixamentos em seis campeonatos com descenso previsto. Quando chegou ao último degrau nacional, foi incapaz de brigar para subir e perdeu um hábito que vinha desde o fim da década de 1980. Quando chegou ao último degrau estadual, foi incapaz até de jogar, tendo atuado profissionalmente apenas em uma das últimas quatro temporadas. Uma vergonha. E parece impressionante como LHO e seus camaradas parecem não se envergonhar disso. Bem como da pilha de dívidas construída neste período.
Não é nem bom continuar enumerando os problemas pois, no Brasil, o país da inversão de valores, é capaz de quem descrever tais episódios ir parar no lugar em que os protagonistas do caos deveriam estar há um tempo: no limbo. E quando o centenário clube parece ver esta equipe de enfermeiros às avessas deixar o leito para que apaixonados da cidade possam tentar curá-lo, a história se mantém. Ou pior: a história fica mais grave, como com os episódios recentes que incluíram até invasão armada ao octagenário Vail Chaves.
A Justiça local, porém, já abriu os olhos. Resta confiar que, em breve, as esferas superiores seguirão a mesma trilha. Até lá, uma ressalva. Foram seis anos em que uma instituição fundamental para a cidade foi ignorada por seu próprio povo e deixada à mercê de quem, desde o primeiro campeonato, mostrou que rebaixar era a sua especialidade.
Porém, nos últimos meses, quando a única saída se concretizou e o recadastramento de sócios se tornou uma efetiva ação para solucionar os impasses jurídicos, o horizonte se abriu. Coincidentemente, houve investimento no futebol e o time sub20 foi adotado como se fosse o Sapão 70, a Máquina do Acesso de 1985 ou o Carrossel Caipira de 1992/1993.
A torcida mogimiriana sofreu, foi surrada, esmurrada, maltratada. E, no futebol, parece que este é um combustível infalível. O Corinthians só é o que é hoje pelos 23 anos de fila entre 1954 e 1977. O São Paulo, que antes era tachado por levar torcedores ao estádio somente “na boa”, viu o torcedor se tornar mais leal do que nunca em uma de suas maiores secas.
Ninguém quer passar por vexames. Nenhum alvirrubro quer ver seu coração implodido por uma gestão que tirou a sua grande alegria, que é chegar à Rua Professor Ferreira Lima, ouvir as batidas de futebol no eterno Vail Chaves e ingressar pelos portões da casa do esporte mogimiriano desde 1937 para, com pulmões cheios, gritar em apoio ao Sapão. À sua paixão.
Podem sorrir, aves agourentas. O Sapo vive em nós e está cada vez mais próxima a hora da virada. Esses sete anos jamais serão esquecidos, para que nunca mais se repitam e o Mogi seja, para sempre, de Mogi. Como nunca deveria ter deixado de ser.