Ele está de volta. Derrotado nas eleições municipais de 2016 por Carlos Nelson Bueno (PSDB), Ricardo Brandão (MDB) é o primeiro candidato a confirmar seu nome na corrida eleitoral para a Prefeitura. O ex-prefeito de Mogi Mirim entre 1977 e 1983, após contato com O POPULAR, revelou durante entrevista, em dezembro, sua candidatura que, segundo ele, passa não apenas por uma motivação pessoal, mas sim por pedidos vindos de correligionários e de parte da população, muito em conta da votação conquistada em 2016, quando obteve 12.758 votos, 30,54% do eleitorado, frente 16.423 do atual prefeito, 39,31% do total.
Brandão diz nutrir condições de apresentar o novo mesmo vindo de uma política de décadas atrás e que o momento é de colocar Mogi nos trilhos do desenvolvimento. As próximas eleições municipais estão marcadas para 4 de outubro de 2020.
Passado o período intitulado como de “ressaca” pela derrota nas eleições, em 2016, Brandão afirmou ter definido sua estratégia e prosseguido com debates e reuniões junto a seu grupo político desde a derrota, antes de retornar ao projeto de retomar a cadeira utilizada por ele entre a década de 70 e 80.
Ciente de ser detentor de um grupo político estruturado, admite que terá o desafio de resgatar então aliados que desgarraram de seu grupo, mas que pretende, novamente, trazer para perto de si o que chama de “verdadeiros mogimirianos”.
“Tem um planejamento, em 2020 ser candidato a prefeito, com um grupo forte, para levar a Mogi Mirim uma administração que devolva a ela desenvolvimento e o progresso que sempre teve na época que fui prefeito, há quase 40 anos atrás, em trabalho iniciado com Luiz Netto e depois com o Romeu Bordignon”, reforçou, citando dois ex-prefeitos municipais.
“Um governo descentralizador e não centralizador, onde traria pessoas da nossa sociedade, profissionais gabaritados, que teriam condições de participar da gestão e contribuir muito pela cidade, que planeje Mogi pelos próximos 30 anos”, projetou.
O tema governo centralizador deu início, durante a entrevista, a críticas ao prefeito Carlos Nelson Bueno, considerado por ele, seu principal rival para o ano que vem. “Ele será candidato até ele não existir mais”, alfinetou.
Embora não fale sobre o assunto, Carlos Nelson, nos bastidores já começou a articulação para o ano que vem, de olho no lançamento de sua candidatura ou, na pior das hipóteses, um nome de seu consenso. “A política que está aí não é adequada. Mogi precisa de uma mentalidade aberta. Uma administração voltada para os anseios e interesse da comunidade”, citou.
Obrinhas?
Para Ricardo, o trabalho de Carlos Nelson em suas primeiras duas gestões como prefeito, entre 2005 e 2012, não atendeu às expectativas da população. E previu até uma estratégia do mandatário quando sua então candidata às eleições, Flávia, Rossi, foi derrotada por Gustavo Stupp, em outubro de 2012. “A sensação foi a de que Carlos Nelson saiu da Prefeitura, em 2012, torcendo para que o Stupp fosse o que foi para que ele pudesse voltar como o ‘salvador da pátria’. Dez anos de Carlos Nelson e Mogi com poucas mudanças, tirando algumas obrinhas e melhorias em avenidas”, provocou.
Ricardo diz ter sido ele o responsável pela consolidação do sistema viário mogimiriano. “Foi feito há 40 anos por Luiz Netto e por mim. Avenida Brasil, Adib Chaib, Pedro Botesi, Juscelino Kubitschek, pavimentação de estrada de Martim Francisco até Mogi, criação da Guarda (Civil Municipal) e dos Bombeiros. A história está lá, nós fizemos”, gabou-se.
Sobraram mais críticas aos opositores. “A oposição tentou colocar em mim que eu só fazia pracinhas, fazia praças também, mas grandes obras nas áreas da Educação e Saúde. Fiz a reforma da Praça Rui Barbosa, que hoje está uma bagunça, e entra prefeito, sai prefeito e ninguém consegue colocar ordem. O Poder Público joga a responsabilidade dele para outros”, cutucou.
Autêntico
Ricardo acredita que o momento no país requer autenticidade na política, com mais trabalho e menos lamentações.
“O político tem que ser autêntico, coisa que não vem sendo. Fui eleito com 29 anos de idade como prefeito. Eu aprendi a governar por ideal, eu passei seis anos na Prefeitura tendo prejuízo com o salário que recebia. O prefeito precisa dar uma satisfação para o povo, não tem que se isolar, falar que está cansado, que está doente”, em nova referência às queixas de Carlos Nelson nesses primeiros dois anos de mandato em sua terceira gestão.