Por alguns anos consecutivos, compro um planner – que nada mais é que um nome bonito e moderno para a veterana agenda. O intuito é organizar a vida. Juro que tento! Desenho a semana, distribuindo por dia. Também fiz a planilha para a casa, dividindo os afazeres.
No final da tarde, já enumero as prioridades do dia seguinte, pensando na sequência do cumprimento das tarefas. Parece perfeito, não é? Não, não é! Quase nunca ocorre como o programado e confesso que não é comum eu ficar uns dois dias com ele fechado de tanto que as prioridades mudaram.
Isso pelas coisas mais subjetivas do mundo: um computador que pifou no meio da aula online, um pé torcido no futebol, um caderno que acabou, um churrasquinho “americano”, presente de aniversário de última hora…
Sim, eu tenho a facilidade de trabalhar em uma empresa familiar o que, na maioria das vezes, permite que esses ajustes aconteçam sem grandes prejuízos.
Mas, ainda assim, emocionalmente dou uma sambada antes de absorver. É isso. O que eu tinha planejado pode ser replanejado, quase que o tempo todo. Você deve estar se perguntando, “mas horas, se aceita trocar tão facilmente, das duas uma: ou nada que planeja é importante ou não se valoriza, certo?” Mais ou menos. E mais para menos.
É que nessas horas, o exercício que eu faço é o de olhar para a situação e perceber como me sentiria melhor, se deixando como estava ou fazendo o que precisa ser feito. Na maioria das vezes, acreditem, vence a vontade de “ser” pela família e isso traz conforto para todo o resto.
Neste perambular de um lado ao outro em cima da hora, eu só abasteço o carro quando resta a última gota. Por vezes, fico falando com a vida “se não acabar agora eu prometo que não vou fazer mais isso”.
Dia desses, corajosa, cumpri a promessa! Quer dizer, quase. Parei no posto, combinei o valor com o frentista e, na mesma hora, lembrei que havia deixado o cartão com o Neto. Já perdi a conta de quantas vezes isso aconteceu nas mais variadas coisas.
E, por falar em dinheiro, é claro que a programação também é furada! Acho engraçado o quanto os gastos extras são capazes de me surpreender. É só eu pensar que este mês vai sobrar dinheiro, que pronto. Alguém aparece com algo tipo “comprar folhas roxas de uma árvore milenar para o trabalho de escola”.
E assim seguimos e o grande contraste é saber que é passageiro, e isso embanana tanto quanto ter que repensar a vida o tempo todo. Já já cada um segue seu rumo e, por vezes, me apavora pensar o que fazer com tanto tempo ocioso. Acredito até que este seja o combustível para o movimento.