Muitos dos contos de fadas têm origens sombrias, mas a história da Bela Adormecida supera tudo em termos de sangue, abuso e com outras das piores facetas da humanidade.
A versão da Disney sobre a maldição da princesa que cai em um sono profundo até que ela seja despertada com o beijo do amor verdadeiro está muito longe da assustadora trama original do século XVII.
Na história real, o escritor francês se inspirou em “Sol, Lua e Tália”, trama lançada em 1634 pelo autor italiano Giambattista Basile. Nela, a princesa, chamada Tália, cai “morta” quando uma farpa de linho entra sob sua unha e sua família a deixa em um palácio sozinha. Um dia, um rei aparece no palácio e entra pela janela.
O rei a encontra inconsciente, em um manto de tristeza, mas percebe que o sangue corre em suas veias. Ele acaba por se aproveitar dela… Depois de ter se satisfeito com esse ato horrendo, o monarca retorna ao seu reino e esquece completamente de Tália por nove meses. Tália engravida e dá à luz gêmeos, chamados Sol e Lua.
Os bebês não conseguiram encontrar os seios da mãe para mamar. Eles então começaram a sugar seus dedos e um deles conseguiu sugar a lasca de linho. Tália acordou! Em vez de gritar confusa, a princesa simplesmente começou a amamentá-los.
Depois de nove meses sem pensar em Tália, o rei se lembrou da princesa e decidiu visitá-la novamente, dando a desculpa no reino de que ia caçar. Para a sua surpresa, o rei encontra Tália e os gêmeos e conta todo feliz o que aconteceu entre eles. Ainda assim, Tália e o soberano passaram alguns dias juntos.
Após a longa viagem de “caça” e a estranha compulsão do rei em repetir os nomes da Tália e dos bebês em voz alta, a rainha começou a suspeitar e acabou descobrindo a traição. E armou a vingança. A ideia era cozinhar as crianças para o marido saborear. Em vez disso, o cozinheiro real levou os bebês para sua casa e preparou um cordeiro para a refeição.
Depois mandou chamar Tália, novamente em nome do rei, e decidiu que iria queimar a princesa na fogueira. A princesa gritou com todas as forças e o rei foi alertado pelo barulho. Soube que a rainha tinha mandado cozinhar os bebês, mas o cozinheiro revelou toda a verdade. E o rei mandou jogar a esposa no fogo.
Tendo conquistado o vilão da história, o rei, Tália se tornou esposa do abusador e eles viveram felizes para sempre com os filhos.
A história termina com o provérbio: “Aqueles a quem a sorte favorece / Encontra boa sorte mesmo durante o sono”.
Malévola
O filme “Malévola” traz outro olhar sobre a história, talvez mais justa. Malévola tinha bom coração.
Tornou-se má porque foi traída.
O beijo do príncipe Philip não funciona! Desesperada, Malévola beija a testa da bela adormecida e Aurora acorda. O filme inova ao colocar a famosa vilã como o verdadeiro amor da princesa.
E o homem que traiu Malévola se tornou o verdadeiro vilão, que morre no final.
Esse fim trágico talvez fosse um castigo para o comportamento do rei do conto do italiano Giambattista Basile. (Da Redação)
