Pelos menos na sessão dos vereadores da Câmara Municipal na noite da última segunda-feira, a coerência passou longe. Ao invés de debates e discussões sadias sobre problemas em Mogi Mirim, das mais diversas áreas e latentes em qualquer parte do município, um intenso bate-boca fez parte da pauta, e chamou a atenção pela eterna rivalidade entre situação e oposição, característica presente no círculo político em todo o país, que de tão viciante, vem se tornando um malefício. Nada de interesses da população, mas sim em benefício próprio, numa guerra que parece ter o próprio ego como motivação principal, sobressaindo ao interesse público.
Pois bem. Na sessão de anteontem um comentário, até certo ponto um desabafo, da vereadora Maria Helena Scudeler de Barros (PSB), foi o estopim para um clima raivoso entre os vereadores. O motivos: Maria Helena, opositora do prefeito Gustavo Stupp, se cansou dos comentários de vereadores situacionistas, que de meses para cá, como em um passe de mágica, deram de criticar aquele que defenderam fervorosamente até então. Se dizendo no limite, esculhambou a apelidada pelos próprios munícipes como “bancada do amém”, grupo de nove vereadores responsáveis por apoiar Stupp em tudo, de votações a defesas pessoais na tribuna, mas que agora, parecem ter caído na real e fazem coro aos vereadores da oposição e à maioria absoluta da cidade, cansada com o descaso e a falta de comando da Prefeitura.
O comentário foi a deixa para uma revolta poucas vezes vista na Câmara nos últimos anos. A maioria dos situacionistas se sentiu ofendido, usou a tribuna para atacar Maria Helena e outros vereadores, e se mostrou não ser a culpada pela má Administração municipal. Podem não ser, mas possuem boa parcela de culpa.
Não se pode ignorar o passado. A “turma de Stupp” foi responsável pela aprovação de inúmeros projetos que oneraram o contribuinte e prejudicaram a cidade. Querer agora tirar o rótulo de situação é algo absurdo e até certo ponto hipócrita. Quer dizer que os vereadores da base descobriram só agora que o governo de Stupp já está entre os piores da história de Mogi Mirim? Há três meses fazem críticas ao prefeito, mas o apoiaram por mais de três anos.
O prefeito sempre teve a maioria da casa, usou e abusou para conseguir o que queria e poucas vezes foi questionado. Mas, a poucos meses das eleições, a base se volta contra ele e passa fazer coro ao restante? O porquê disso? Conveniência, esperteza ou busca por uma imagem melhor perante o eleitorado? É preciso coerência na vida pública, o que menos se vê na situação.
Os vereadores possuem virtudes e boas intenções, mas pouco ou quase nada fizeram por Mogi Mirim até agora. Descolar suas ações da imagem do prefeito é impossível. O mogimiriano sabe disso. Gritos, berros, erros esdrúxulos de português nas falas de tão nervosos e “sangue nos olhos” não bastam. Uma dose de mea-culpa, humildade e consciência não faria mal a nenhum deles. A vida é feita de erros e acertos. Ainda há tempo para admitir o que não deu certo.