“Está triste, sem graça”. Foi com essas palavras que a comerciante Regiane Prado definiu o Natal de Mogi Mirim quando questionada pela reportagem de O POPULAR. A época, uma das mais aguardadas pela população e comércio, virou sinônimo de melancolia na cidade.
E não foi por menos. A Praça Rui Barbosa, no Centro, que até abrigou uma pista de gelo, em 2013, nem sequer tem uma árvore. Não há luzes coloridas, presépio, tampouco a casinha do Papai Noel, uma das mais simbólicas atrações para o público infantil. Na época, a pista foi uma iniciativa promovida pela Associação Comercial e Industrial de Mogi Mirim (Acimm).
Hoje, a praça, o coração do município, está largada à própria sorte. A decoração natalina deu lugar aos bancos depredados, mato alto, monumentos pichados, jardins sem flores e postes sem iluminação, fato que tem indignado os munícipes.
Além do cenário de crise econômica e das pancadas de chuva, que geralmente ocorrem no início da noite, a falta de enfeites natalinos também desestimula o comprador, afetando diretamente o movimento dos estabelecimentos. “A economia já está ruim e não tem nenhum atrativo. O povo vai para outras cidades, shoppings”, afirmou a proprietária da Cacau Show, Andréia Lauri.
Na última quarta-feira, a reportagem circulou por algumas ruas da região central. A Conde de Parnaíba, por exemplo, pouco iluminada, não se apresentava convidativa para as compras. A Rui Barbosa estava vazia. Por conta do tempo, o trenzinho, único atrativo para as crianças, não funcionou. Alguns comércios também optaram por fechar as portas.
A situação não foi diferente na Quinze de Novembro. As vendas ficaram abaixo da expectativa mesmo para quem estendeu o horário de funcionamento. Não havia o tão comum corre-corre dos vendedores dentro das lojas. Pelo contrário, enquanto alguns ficaram nas portas dos estabelecimentos, à espera de clientes, outros tinham tempo de arrumar as mercadorias e até limpar a vidraça. Até o Papai Noel, contratado pelos comerciantes da rua, estava cabisbaixo e, vezes ou outra, conseguia entregar uma bala para uma criança que aparecia.

“As vendas noturnas estão mais fracas porque não tem segurança e nem enfeite na praça”, explicou a gerente da Griffy, Regiane Prado. Ela, que atua há 22 anos no comércio, sendo que passou 18 deles na Rua Quinze, disse nunca ter visto um Natal assim antes. Embora chateada com a falta de apoio do Poder Público e representantes do comércio, a gerente acredita que há uma parcela de culpa por parte dos próprios lojistas.
“A gente também errou em não cobrar uma posição da Prefeitura e da Acimm”, ponderou. Já a proprietária da Cacau Show disse que espera uma melhor administração do dinheiro público por parte do próximo governo e espera mais atenção da Associação Comercial. “Não é só fazer festa”, completou.
No entanto, é em meio a dificuldades que podem surgir alternativas criativas para atrair o cliente. Regiane, por exemplo, vai apostar na força das redes sociais e adotar a brincadeira do Mannequinn Challenge. O desafio consiste nas pessoas filmadas ficarem paradas como manequins. A ideia, que começou em escolas dos Estados Unidos, já se espalhou mundo afora com a hashtag #mannequinchallenge.
O momento de crise também ajudou a unir os lojistas, que resolveram juntar dinheiro para contratar o Papai Noel e, assim, tentar animar o público-alvo da Quinze de Novembro. “A gente não pode desanimar”, destacou a gerente.
Outros comerciantes, mais otimistas, ainda acreditam na melhora das vendas, nas próximas semanas, especialmente por conta do pagamento e do 13º salário.
Mogi Guaçu
Enquanto isso, na cidade vizinha, a Prefeitura realiza pelo terceiro ano consecutivo, durante o mês de dezembro, o Natal Luz. A programação artística foi aberta, na quinta-feira, dia 1°, com o balé “O Quebra-Nozes”, baseado em conto de Tchaikovsky. Com cerca de duas horas de duração, o espetáculo da Cia de Dança de Campinas foi apresentado no Teatro Tupec do Centro Cultural.

Na segunda-feira, milhares de pessoas acompanharam a chegada do Papai Noel na Praça Prefeito Orlando Chiarelli, o Parque dos Ingás, e na Praça Rui Barbosa, o Recanto. Ainda houve a apresentação musical da Banda Marcial “Luizinho Lanzi”. A ponte de ferro já está iluminada e a Vila do Papai Noel também está pronta. Outra atração é a grande árvore de Natal. A programação artística se estende até o dia 18 com várias atrações no Parque dos Ingás e em outros locais.
Segurança
Na última semana, o Sindicato do Comércio Varejista de Mogi Mirim de Bens, Serviços e Turismo (Sicovamm) solicitou reforço do policiamento na região central para o final de ano. O pedido através de ofício, como ocorre todos os anos, foi remetido à Guarda Civil Municipal (GCM), aos Bombeiros e também à Polícia Militar (PM).
Além das forças de segurança, o sindicato informou ainda a Prefeitura, a Associação Comercial e Industrial de Mogi Mirim (Acimm) e os vereadores sobre as datas e horários de funcionamento do comércio em dezembro. No documento, o presidente do Sicovamm, José Antonio Scomparin, ressalta a importância de policiamento neste período, uma vez que consumidores circulam pelas ruas com dinheiro e sacolas de compras.
Árvores de led estão sucateadas
Em entrevista ao O POPULAR, o presidente da Acimm, Sidney Coser, confirmou que as 78 árvores de led, adquiridas pela Associação Comercial, no final de 2013, estão sucateadas porque foram mantidas pela Prefeitura em local inadequado, em exposição ao sol e chuva. Portanto, as árvores não puderam ser reaproveitadas nesse ano. “Está um lixo”, disparou o presidente, em relação ao estado dos enfeites.
Naquele ano, o Município concedeu R$ 200 mil à Acimm. A verba foi destinada à implantação de decoração natalina. O valor foi empregado na compra das árvores de led, totalizando R$ 289 mil. Coser também explicou que é obrigação da Administração Municipal decorar os espaços públicos, embora a Acimm tenha colaborado nos anos anteriores.
Outra justificativa apresentada pelo presidente foi a de que o comércio se expandiu e que, atualmente, os associados da região central são minoria. Ele ainda condenou a falta de limpeza e manutenção da praça. “Tem cocô dentro do coreto”, desabafou. A reportagem tentou uma posição da Prefeitura sobre o assunto, mas não obteve retorno até o fechamento desta edição.