Desde o início da contenção de despesas impostas pela Administração Municipal, em meados de agosto, a desconfiança sobre o Poder Público aumentou ainda mais. O discurso quase que automático, não apenas de Gustavo Stupp, mas de todo o seu alto escalão e demais subordinados, atribuía a crise econômica enfrentada pelo país como justificativa para os problemas vividos em Mogi Mirim.
Até elogios à própria Prefeitura, ditos pelo prefeito, em entrevista coletiva sobre o corte de funcionários e secretarias, de que a Administração não aguardou a “bomba estourar” e antes da crise tomou as medidas necessárias, soam até como irresponsáveis, já que além do fechamento de pastas municipais, inúmeros profissionais foram exonerados.
No pacote de contenção de despesas, vários pontos, que iam desde a suspensão de horas extras e redução no uso de ar-condicionado, ventiladores e contas de água até a diminuição no expediente de trabalho da Prefeitura, para seis horas, uma afronta se levado em conta quem precisa usufruir dos serviços e buscar atendimento apenas na parte da tarde.
À época, por meio de decreto, a Prefeitura tratou de deixar claro que em cumprimento aos percentuais estabelecidos pela Constituição Federal, cortes de investimentos nas áreas de Saúde e Educação não seriam realizados.
O estarrecedor é que menos de dois meses depois a promessa ficou para a história. A prova foi conhecida na última semana, quando a Secretaria de Saúde anunciou o atraso no pagamento de salários de médicos do Consórcio Intermunicipal de Saúde 8 de Abril atuantes em sete das 11 Unidades Básicas de Saúde (UBSS). A fim de apaziguar a situação, a medida foi cortar pela carne, outra frase que virou praxe dentro da Prefeitura, suspendendo em 50% os exames dos médicos nas unidades a partir de segunda-feira. O objetivo? Diminuir gastos para buscar o pagamento dos salários.
Não bastasse mais um descalabro, preocupa, e muito, o fato de a secretaria não impor prazo para o saldo da dívida e se apegar em uma futura diminuição para suprir a dificuldade. Mais uma vez falta planejamento com a máquina pública e a sensação de que um trabalho melhor e mais estruturado evitaria a crise. Mais do que isso.
Se o Executivo garantiu lá atrás que setores essenciais da sociedade não seriam afetados, como confiar que outras áreas como Educação e Segurança não sofrerão os impactos da má gestão de Stupp? Descrença, revolta e o receio por dias piores parecem acompanhar o cidadão de Mogi Mirim atualmente. A fase é terrível e o futuro uma incógnita.