Se existe algo que deveria ser uma constante presença em toda atitude política, isso é a ética parlamentar, que se fundamenta em pleno conhecimento da função legislativa, preparo para o exercício de funções públicas, profundos caracteres morais de cada cidadão, conhecimento das relações de poder, discernimento do caráter representativo da função pública e, preferencialmente, um grau de inteligência que alcance boa parte destes pressupostos.
A Câmara de vereadores de Mogi Mirim não tem se destacado por uma atuação que se eleve pela consciência pública ou pelo mínimo de respeito à opinião pública. Pelo contrário, tem primado por uma oposição nula e omissa, por um grupo que defende bovinamente as investidas da Administração, sem debate.
Na última sessão de Câmara, havia na pauta importantes questões relacionadas ao Orçamento Público, à criação da taxa de iluminação pública, mudanças em cargos comissionados e reajuste do imposto sobre transações imobiliárias e o que se viu no plenário? O absurdo silêncio de ideias e a falta de defesa de pontos de vista, sejam contrários ou não.
Em plena modorra legislativa, surgiu o debate sobre a ética parlamentar, como se os entes ali presentes tivessem autoridade para discutir algo sério e profundo como a ética política. Sem necessidade de avocar conceitos filosóficos que poderiam suscitar uma discussão interessante e saudável sobre o tema, o que se viu foi um festival de baboseiras equivocadas e sem sentido que remetem à impropriedade dos mandatos outorgados com legitimidade, mas sem consequência.
Os vereadores se digladiaram sobre a questão dos currais eleitorais. Inconformados com um requerimento que pleiteava melhorias para praças em toda a cidade, advogavam tristemente seus direitos sobre redutos eleitorais, como se o Parque da Imprensa, Martim Francisco, Complexo do Lavapés ou Parque das Laranjeiras fossem guetos inexpugnáveis. Enganam-se tremendamente esses políticos que elevam cercas de arame farpado em sua pretensa área de influência.
Bastaria dizer que há parlamentares que não têm redutos eleitorais tão definidos, mas seria desnecessário. Mogi Mirim não é um bolo a ser partilhado pelas conveniências ou pelo clientelismo, é uma cidade una, indivisível e com interesses maiores. Pensar neste sentido é pequeno. Mas, afinal, o que se tem a aproveitar da compreensão institucional dos atuais componentes da Câmara desta legislatura? Apenas uma discussão estéril.