Educação cabe em qualquer lugar, ensinam a maioria das mães. Quando se trata de um indivíduo que ocupa um cargo público, ou mais, que tenha sido eleito para assumir o posto, a civilidade deveria ser quesito obrigatório.
Na Câmara Municipal de Mogi Mirim há tempos se vê demonstrações da mais pura falta de educação, que vai desde a conversa paralela durante a fala de um colega, gritos ao microfone e até o palavreado chulo, digno de arquibancadas de jogo de futebol.
Nesta semana, a polêmica envolvendo o ex-vice-prefeito Massao Hito, que se sentiu ofendido por palavras ditas pelo vereador Laércio Pires durante uma sessão de Câmara veio a público e ilustra claramente o nível em que se encontra a Casa de Leis. Frases como “políticos do passado eram mais sujos que pau de galinheiro” e “japonezinho figura” foram apenas algumas das palavras proferidas pelo vereador. E não é a primeira vez que ele foi pego pela própria língua, e possivelmente não será a última.
E não só Pires tem fama de falastrão na Câmara. A ex-vereadora Márcia Róttoli, que deixou o posto para ocupar a chefia da Secretaria de Educação, era muito conhecida pelos expectadores das sessões por atingir altos níveis de decibéis quando ocupava a tribuna. Gritar e esbravejar não são garantias de voto da população, apenas asseguram que quem está dentro do mesmo recinto se sinta incomodado com o volume e o desrespeito.
Tratar de assuntos sérios na Casa de Leis, ser até ríspido em alguns momentos, faz parte da rotina de um vereador, mas a civilidade e a educação devem imperar. Em alguns casos, alguns legisladores se esquecem até da própria liturgia da Câmara, e ao invés de se dirigirem aos colegas durante as explanações, frequentemente transformam o plenário em um palanque particular, bradando supostas realizações em direção à plateia.
Há algumas semanas houve até uma troca de ofensas entre vereador e munícipe. Um homem que estava assistindo à sessão provocou o vereador Ney Marcúrio que, ao invés de solicitar que o presidente da Casa usasse de sua autoridade para colocar o espectador para fora do recinto, respondeu a afronta com um sonoro “cala a boca”, perdendo completamente o decoro.
Se com mais de 30, 40 anos de idade ainda não foi possível aprender o que é respeito e educação, talvez seja a hora de retornar para o primário na escola, voltar para as broncas de mãe e pai para, só depois de a lição decorada, passar a ocupar um cargo público. Repetindo, se a educação cabe em qualquer lugar, dentro de um órgão composto por pessoas escolhidas pela população e que deveriam dar o exemplo, este valor deveria ser sagrado.