sábado, novembro 23, 2024
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A fé usada como capital eleitoral

Na última semana, a guerra de um deturpado autointeresse ganhou novo episódio. A liberação ou veto a cultos religiosos presenciais se tornou assunto de destaque graças a batalhas de liminares judiciais. As celebrações com público foram suspensas dentro de uma nova tentativa de brecar aglomerações no país.

Afinal, já que muita gente olha os mortos e flagelados apenas como números, eles são incontestáveis. A escalada da morte por Covid-19 não para, as unidades de terapia intensiva estão cada vez mais lotadas e medidas extremas surgem como alternativas, incluindo o veto a cultos religiosos. Oras, bem sabemos que, independente da crença, este é um direito universal.

É preciso respeitar de católicos a muçulmanos, passando por evangélicos e umbandistas. Cada ser humano é livre para professar a sua fé e qualquer tipo de preconceito ou proibição a qualquer religião deve ser fortemente punido. Aliás, o mesmo vale aos ateus, já que também é direito universal não ter crenças religiosas.

Enfim, como ocorre milenarmente, manifestações deste tipo costumam ter como principal força os encontros entre seus pares, sobretudo, em templos construídos com este objetivo. E, é triste ver que, nos últimos meses, tantas e tantas celebrações não puderam ocorrer ou foram feitas com capacidade reduzida.

Um bom exemplo foi o cancelamento da festa em louvor a São José, que é o padroeiro dos católicos em Mogi Mirim e que, neste ano, completa 270 anos da instalação da paróquia em sua devoção aqui na cidade. Porém, há uma força maior. Há uma doença devastando sonhos, enterrando amores, matando relações.

Vidas estão sendo perdidas e não há bem mais precioso neste mundo que a vida. E, para ficar em um exemplo, bem sabemos que Deus é misericordioso e que Ele não irá nos castigar por nos ausentar de sua casa, a Igreja, por um tempo. É uma ausência por pensar e cuidar do próximo e, por exemplo, no Cristianismo, este é o foco central.

Jesus passou aqui pela Terra, fez milagres, uniu povos e sofreu. Foi perseguido mesmo falando em amor, andando com doentes e prostitutas. Criou uma comunidade de pecadores e foi morto por aqueles que queriam conservar sua desumanidade e mamatas. Cristo nos ensinou que o mais importante é amar o próximo. Portanto, não importa sua condição religiosa.

Se ama o próximo, o respeito. Se sentir que deve ir ao templo, vá. Mas dobre, triplique os cuidados. Porém, se preferir o isolamento social, fique em casa. Não tem problema. Faça as suas orações em seu refúgio e clame para que tudo isso passe, para que nossos governantes deixem de usar a fé alheia como capital eleitoral e foquem no que realmente importa, que é a vacinação em massa, para que possamos voltar a nos abraçar, a orar em nossos templos coletivos, a colocar o pão de cada dia em nossas mesas.

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