sábado, novembro 23, 2024
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“A gente foi humilhado”, dispara o goleiro Hotton, sobre sofrimentos no Mogi Mirim

Embora o time já não tivesse mais chances de classificação, a única vitória no Campeonato Brasileiro da Série D, na despedida diante do Prudentópolis, serviu como alívio para o Mogi Mirim e foi comemorado como uma questão de honra diante dos sofrimentos enfrentados. Diversos atletas da campanha da Série D estavam no elenco do rebaixamento no Campeonato Paulista da Série A-3, quando já sofriam com atraso de salários, dentre outros problemas. “A gente sofreu muito, a gente foi humilhado. Muitas vezes sem almoço, sem janta, sem energia no alojamento, todas as dificuldades que podem existir no futebol, a gente enfrentou”, desabafou o goleiro Hotton, em entrevista ao O POPULAR, ao final da partida contra o Prudentópolis, no dia 27 de maio, em Limeira.

O arqueiro destacou que o grupo foi até o final mesmo sem receber salário e viu a vitória como coroação à hombridade dos atletas. “A gente falou que mesmo que se as pessoas que estavam por trás não eram homens suficientes para dirigir o Mogi Mirim, a gente ia tentar representar da melhor maneira possível. Só a gente que está ali sabe o que passou. O que você puder imaginar de ruim, a gente passou”, afirmou, revelando não ter recebido valor algum em cinco meses no clube. “Cinco meses sem receber um centavo”, salientou.

De Mogi Guaçu, Hotton diz ter um sentimento especial por jogar no Mogi. “Eu passei quase 4 anos da minha base no Mogi, praticamente minha formação, muito como homem e atleta foi no Mogi Mirim, então, sou um torcedor, meu pai desde pequeno já me levava pra assistir os jogos do Mogi, é um torcedor fanático. A gente fica triste, a forma que destruíram o clube machuca muito”, ressaltou.

Goleiro Hotton celebrou vitória na despedida como coroação à hombridade do grupo. (Foto: Diego Ortiz)

Aos 38, Osmar diz nunca ter passado por algo igual

Veterano com passagens por inúmeros clubes, o atacante Osmar, de 38 anos, revelou já ter passado por muitas dificuldades, mas nada no nível do que vivenciou no Mogi Mirim. “Nunca na minha vida eu tinha passado por uma situação igual”, admitiu, ao ser questionado por O POPULAR, após a partida contra o Prudentópolis.

Osmar revelou ter ficado surpreso quando chegou, em função da antiga credibilidade do Mogi, especialmente ao ver o gramado. “Desde quando eu conheço o Mogi, pelo menos de jogar contra, eu sabia que você não podia nem visitar o campo, que era tudo perfeito, bem organizado. E quando eu cheguei lá e deparei com aquele gigante adormecido, eu fiquei muito triste, não só lá como em vários clubes. O próprio Mogi, União São João, que são clubes que revelaram muitos jogadores, eu mesmo saí do União”, colocou.

Questionado de onde tirou força para seguir jogando sem receber, Osmar destacou que o Mogi fez um grupo de homens. E que, além do respeito ao trabalho e apoio entre os atletas, a esperança de encontrar um novo clube o moveu.

Veterano atacante Osmar lamentou a falta de satisfação dos gestores aos atletas do Mogi Mirim.(Foto: Diego Ortiz)

Perguntado se havia uma satisfação dos gestores do futebol para o não pagamento, Osmar respondeu que não havia explicação. “Ninguém dava satisfação, a gente não sabia de nada, teve dias que não teve nem comida, não teve café”, lamentou.

Elenco viajou encolhido em veículo, conta técnico

Revelando um alívio ao final da Série D do Campeonato Brasileiro por ter conseguido se despedir com uma vitória após tantas dificuldades, o treinador Carlos Júnior aproveitou para desabafar contra a gestão de Márcio Granada e Alessandro Botijão e revelou o que ocorreu antes da goleada sofrida por 5 a 1 diante do Brusque, em Águas de Lindóia, pela terceira rodada. “Ninguém sabe, mas na semana que a gente tomou 5 gols, o pessoal não almoçou, não jantou, não teve café da noite. Cada um por conta própria e a gente foi para um jogo no micro-ônibus levando todo o staff, roupeiro, massagista, gandula, maqueiro. O ônibus foi superlotado e os meninos encolhidos. Agora é hora de a gente colocar pra fora, o Márcio e o Botijão acabaram com o resto do Mogi. A má gestão esfacelou o clube”, disparou, em entrevista ao O POPULAR.

O treinador destacou que os jogadores foram guerreiros, mas o elenco carecia de reforços, além de ter ficado com um banco de reservas com poucas opções em diversos jogos. No último jogo, havia três jogadores no banco. Não havia goleiro reserva. Murilo, que defende o Jardim Europa no Campeonato Amador, não foi ao jogo. “O Murilo não veio, foi ganhar o dinheiro no Amador, porque não recebe no profissional, imagina”, observou Carlos.

Reserva do Mogi Mirim na Série D, goleiro Murilo joga o Campeonato Amador pelo Jardim Europa. (Foto: Arquivo)

Carlos Júnior disse nunca ter passado por algo tão grave: “A gente não sabia se treinava, se a lavadeira ia lavar a roupa para o treino do outro dia, se ia ter comida pros atletas de manhã ou à tarde e à noite. Ficava preocupado se houvesse algum tipo de lesão porque não tinha mais o pessoal da fisiologia, fisioterapeuta, médico no campo”.

Técnico Carlos Júnior pretende processar os gestores do futebol do Mogi Mirim. (Foto: SilveiraJr)

Questionado se o que mais chateava era a falta de pagamento ou uma conversa cara a cara no dia a dia, respondeu ser o conjunto. “Era tudo isso. Era o cara a cara que nunca houve e a falta do pagamento”, comentou.

O treinador revelou que irá, assim como outros membros da comissão técnica, acionar os gestores na Justiça. “Eles é que estavam com a concessão do clube, o clube foi usado como a gente foi usado. A gente vai acionar eles de uma maneira mais contundente, através da Justiça”, avisou.

“Ele tinha que jogar de graça”, dispara Granada

Questionado sobre as críticas contra sua gestão, o gestor Márcio Granada disparou contra atletas e o técnico Carlos Júnior, apontando que o goleiro Hotton deveria jogar de forma gratuita, diz não ter assumido compromisso financeiro com Osmar e nem dever nada ao treinador. Granada entende ter ajudado estes profissionais dando uma oportunidade.

Sobre Hotton ter atuado com cinco meses de salários atrasados, respondeu que o atleta não deveria ser remunerado: “Ele tinha que jogar de graça. Se não sou eu dar uma chance, ele não iria jogar em lugar nenhum”.

Márcio Granada entende ter ajudado Hotton, Osmar e Carlos Júnior, com as oportunidades no clube. (Foto: SilveiraJr)

Granada garantiu ter colaborado com Osmar. “Não tinha compromisso com ele financeiro. Estava sem clube e coloquei de volta na vitrine”, apontou, garantindo, também, não dever nada a Carlos Júnior. “Não devo um real pra ele. Nem contrato tenho com ele e fique à vontade pra entrar na Justiça. Meu compromisso com ele foi honrado. Outra coisa, ele saiu de ser auxiliar-técnico pra assumir um clube de Brasileiro. Se estava tão ruim, por que não foi embora?”.

Para Granada, os jogadores não têm condições de reclamar. “Os caras tiveram no começo do Paulista, não ganharam um jogo (na verdade, ganharam apenas um), receberam o primeiro mês, comida do bom e do melhor, hotel top. Ônibus top, que moral esses jogadores têm pra falar?”, disparou, reclamando da falta de apoio da cidade. “Se eu e o Botijão não colocasse dinheiro, Mogi tava morto, nem o Paulista e o Brasileiro iam jogar”, apontou.

Picanha

Granada disse ter resolvido o problema da energia e que nunca faltou alimentação. “Energia foi cortada sim por alguns dias como todos sabem por erro da gestão passada e mesmo assim pagamos. Nunca faltou alimentação. Os caras querem picanha todos os dias?”, ironizou.

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