Pouco antes das 17h do último domingo, no Estádio Mané Garrincha, em Brasília, capital do Brasil, Flamengo e Palmeiras, dois dos maiores clubes do país, duelavam pela 6ª rodada do Campeonato Brasileiro. Em meio a gols e toda a emoção que uma partida de futebol oferece, uma briga generalizada no intervalo entre integrantes de torcidas organizadas manchou a partida e preencheu, mais uma vez, a negativa página da violência no futebol.
Mas, não apenas as cenas do confronto entre os organizados, com direito a lixeiras voando, extintores de incêndio sendo usados como armas, e socos e pontapés distribuídos para todos os lados, é que correram o país. A cena do pai palmeirense descendo as escadarias do estádio carregando o filho cadeirante em direção à porta de saída comoveu, entristeceu e revoltou qualquer cidadão de bem, estarrecido pela situação. Ali, a certeza é de que o futebol está morrendo ficou cada vez mais latente.
A violência não apenas no futebol brasileiro como no sul-americano, com o registro de mortes desencadeado desde os anos 50 e 60, não é novidade. Brigas entre facções organizadas vêm há décadas, fazem cada vez mais vítimas e destroem famílias inteiras tamanha a brutalidade. O problema é que é difícil imaginar uma luz no fim do túnel e ações convincentes que coíbam o vandalismo e barbárie.
Não se pode generalizar as torcidas como um todo, formadas por milhares de componentes. Existem pessoas trabalhadoras, de boa índole e guerreiras dentro delas. O problema é sempre uma minoria responsável por tumultuar e gerar os atos de violência. Já é hora de uma junção dos poderes federal, judiciário e das autoridades de segurança para coibir os confrontos. O exemplo vem da Inglaterra, onde os temidos hooligans, responsáveis por incidentes terríveis, foram banidos. O que falta no Brasil é uma legislação eficaz, mas isso parece longe de acontecer.
Criticar dirigentes que financiam organizados não basta. Embora contribuam negativamente financiados as torcidas, é claro que recebem ameaças e se sentem acuados pela pressão dos torcedores. A presença da Polícia Militar na proteção dos estádios também deve ser rediscutida. Deslocar, 200, 300 ou 400 homens para um jogo de futebol é desguarnecer a sociedade. Já era hora de pensar em um meio de segurança particular no futebol.
Também falta união da própria classe, como clubes e jogadores. Na Argentina, por exemplo, já existiram episódios em que capitães de clubes se reuniram e decidiram suspender o campeonato devido a atos de violência. E isso na terceira divisão, longe dos holofotes dos principais clubes.
Os responsáveis pelas brigas são os mesmos, as imagens estão aí. Basta identificar e punir de forma severa. O discurso pós-confrontos são os mesmos, mas os mecanismos de defesa nunca são executados. O futebol pede socorro. Famílias saem como derrotadas e os violentos sobressaem. A inversão de valores assusta. Salvem a modalidade mais popular do mundo.