sexta-feira, abril 18, 2025
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A história do rádio: 4ª parte – (n° 513) por Nelson Patelli Filho

Na década de 20 do século passado, Mogi Mirim começou a descobrir as maravilhas das transmissões radiofônicas pelas primeiras emissoras brasileiras. O rádio no país ainda estava engatinhando e raros eram os mogimirianos que possuíam um receptor que, além de caros (cerca de 80 mil réis), eram difíceis de se obter e geralmente importados da Europa e Estados Unidos.

Os aparelhos de rádio de Estanislau Krol
Esse problema começou a ser resolvido quando o alemão radicado em Mogi Mirim, Estanislau Krol (pai do Erwin, Irene e da professora Norma Krol), pessoa inteligentíssima e que possuía uma loja instalada na Rua José Bonifácio, começou a fabricar aparelhos de rádio com alta qualidade e que chegavam a sobrepujar alguns importados. Em 1931, o jornal A Comarca publicou:
“Maravilhosos os aparelhos elétricos de rádio fabricados pelo Sr. Estanislau Krol, desta cidade. Superiores a quaisquer outros agora conhecidos, devido à isenção da incômoda estática e pela nitidez e volume com que transmite as irradiações captadas. Em ondas, longas, os aparelhos do Sr. Krol são extraordinários, pois dispensam o uso de antenas e ouve-se com perfeição as estações brasileiras, da Europa e de Buenos Aires”.

O Problema das Estáticas
O problema das estáticas era tão sério em Mogi Mirim que o prefeito da época, João Augusto Palhares, baixou a Lei n° 98 de 12 de junho de 1935, estabelecendo medidas para eliminar o problema, com multas para os possuidores de motores e aparelhos elétricos que não instalassem filtros condensadores.
Na época, não passava de uma centena o número de aparelhos de rádio em Mogi Mirim, mas com o problema das estáticas resolvido, cresceu enormemente a quantidade dos “capelinhas” radiofônicos. Definitivamente, o rádio caiu no gosto dos mogimirianos!

Serviço de Alto-Falantes Vitória
Por volta de 1942, João Marques Ocari instalou o primeiro transmissor de rádio em Mogi Mirim, com alto-falantes na Praça Rui Barbosa, localizados em pontos privilegiados, como o coreto, o sobrado do Santinho Coppo, o Cine São José e a pérgola de Palmeiras Imperiais. Os estúdios e cabine de som ficavam ao lado da antiga Casa Cardona, passando depois para a Rua Padre Roque. Os locutores eram o proprietário João, Benedito “Sabão” Rocha e Simão Horácio Botesi.
Em junho de 1945, João Marques Ocari vendeu o serviço de som para o ex-carteiro Orlando Bronzatto (Pintaca), que modernizou as transmissões, instalando novos aparelhamentos, aumento do acervo de discos (bolachas) e inaugurou os primeiros programas de auditório no prédio onde funcionou o antigo Cine São José, à Rua Padre Roque (onde hoje existe uma sapataria). O horário de funcionamento era das 18h às 22h, com músicas variadas e entremeadas com pequenas notícias e publicidade de indústrias e casas comerciais da cidade. O Serviço de Alto-Falantes Vitória funcionou até agosto de 1950.
Umas das curiosidades das transmissões desse som eram as mensagens divulgadas por namorados, amigos e estudantes da época: “Antonio dedica à Terezinha, com carinho”; “A Turminha do Sorvete oferece ao Geraldo Pinheiro, com amizade”; “José dedica à morena do segundo ano da Escola de Comércio, com paixão”; “Luiza convida o Armando para lhe pagar um sanduíche e um guaraná”. E, assim por diante, com muitas brincadeiras da mocidade alegre daqueles tempos, dedicando músicas acompanhadas de frases que eram lidas pelos locutores do Serviço de Alto-Falantes Vitória.

Túnel do Tempo: Em sete de setembro de 1945, o Serviço de Alto-Falantes Vitória transmitiu por Orlando Bronzatto (Pintaca) o desfile comemorativo da Independência do Brasil, centralizado na Praça Rui Barbosa. Foi a primeira transmissão desse tipo em Mogi Mirim.

Legenda da foto: Esta foto de 1947, é uma relíquia do passado esportivo de Mogi Mirim. Ela documenta a primeira transmissão radiofônica de um jogo de futebol em Mogi Mirim e região, ocorrida em 13 de abril de 1947, no Estádio Vail Chaves. O narrador foi Orlando Bronzatto, o popular Pintaca, e o repórter de campo Geraldo Ferreira Lima, em particular transmitida pelo Serviço de Alto-Falantes Vitória. Essa foto me foi cedida pelo saudoso professor Mario Torezan e que identificou a data e os personagens constantes da imagem: de chapéu e guarda-chuva, o Pintaca, e com o microfone, Geraldo Ferreira Lima. Os meninos da época: Carlos Fonseca, Licínio Bronzatto, Orlando Pedro Bronzatto (Landão) e Mário Torezan. Uma lembrança de 70 anos e quando o Mogi tinha como presidente Nagib Chaib (Nage).

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