sábado, novembro 23, 2024
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A ideia boa no momento errado

Com direito a veto total por parte dos vereadores, não apenas os da oposição, como de sua própria base aliada, o prefeito Gustavo Stupp viu cair por terra seu tão sonhado projeto do Ecoponto, comentado por ele desde o primeiro ano de governo. A ideia de criar uma nova mentalidade sustentável no munícipe, fazendo com que o entulho e a sujeira produzida em cada uma das 35 mil residências de Mogi Mirim não fossem mais colocados na “porta de casa”, mas sim em uma área específica para o despejo, foi vista pela Câmara Municipal como inócua e sem objetividade. O consenso era de que a Prefeitura tinha apenas como foco transferir um serviço básico de sua responsabilidade para a população.

Embora essa fosse a ação que poderia ser vista na prática em caso de aprovação do projeto, a ideia de Stupp não pode ser considerada negativa. É mais do que notório que no município cada vez mais ruas estão entupidas de móveis, materiais de construção e qualquer outro tipo de entulho. Basta percorrer não só vias mais movimentadas, como ruas de bairros e periferias para se constatar a sujeira. Por outro lado, a criação de uma consciência ambiental é um trabalho árduo, lento e que levará muito tempo para ganhar forma.

Stupp alega que os vereadores tiveram tempo suficiente para o debate, enquanto os vereadores afirmam terem tido pouca participação na elaboração do projeto. A verdade é que para uma mudança tão radical como essa era preciso um entendimento entre as partes. Cada um deveria falar a mesma língua e não trocar acusações e críticas como visto ao longo da semana.

Em entrevista, o prefeito afirmou ter ciência da polêmica que criaria, e que mexe em um “vespeiro” quando fala do entulho. O próprio Stupp admite que enfrentaria resistência por todos os lados e que seu desejo era provocar uma discussão em torno da destinação dos resíduos.

Por outro lado, em ano eleitoral, com a campanha para prefeito e vereador ganhando cada vez mais corpo, fica difícil pensar que a Câmara Municipal, tão criticada pela sociedade e necessitando da população a poucos meses das eleições municipais, aprovaria um projeto positivo no ponto de vista ambiental, mas que sobrecarregaria o munícipe em termos de condução desse material e geraria uma avalanche de reclamações.

Em relação ao Ecoponto, é mais do que evidente que apenas um, como proposto no projeto, não seria suficiente para atender toda a cidade. Se a justificativa de Stupp é a falta de dinheiro para criar outros espalhados pela cidade, seria correto sugerir algo que não poderia fazer justamente em um momento que é tão criticado? O prefeito parece buscar a melhoria pautado na polêmica.

Que a próxima Administração debata o tema com mais calma, envolva a população e promova uma ampla discussão em torno disso. Deixar o entulho na calçada ou apenas recolhé-lo e jogá-lo em um terreno qualquer sem a correta destinação não parece a melhor forma de tornar uma cidade sustentável. Longe disso.

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