Eu sei que você já não aguenta mais ouvir falar do novo coronavírus. Independentemente da sua posição política ou forma de lidar com o tema, ele certamente tomou conta da sua vida a ponto de, em muitos casos, provocar até um certo afastamento das notícias pesadas do dia a dia em nome da sua saúde mental.
Como se não bastasse a angústia e o medo, que imagino seja partilhado pela maioria dos leitores, ainda existe uma certa dificuldade em conseguir se desligar dessa loucura toda e desfrutar de momentos, sim, de alegria, paz e diversão, ainda que sem aglomerar.
E é exatamente por isso que este texto é chato. Na editoria de esportes, aquela na qual a leitura tende a ser um pouco mais leve, aqui vou eu criar um elo entre nós esportistas e essa maluquice toda que estamos vivendo. Porque nós precisamos nos enxergar como parte de um todo e responsáveis também por cooperar para a solução mais rápida desta questão extrema.
Não cabe mais aquela peladinha de fim de semana, gente! Não cabe, por enquanto, aquele futevôlei com os amigos, mesmo que seja com oito ou dez pessoas apenas. Não cabe mais aquele amistoso. Ainda mais com resenha…
É claro que está todo mundo com saudade disso. E, às vezes, nos deixamos levar não só pelo desejo de extravasar e espairecer, como também pela incerteza do quando poderemos voltar a fazer todas essas coisas. Quando volta o campeonato amador?
Quando voltam os campeonatos de base? As competições nas quadras e nas piscinas? Ou mesmo o direito de praticar, sem medo e sem o olhar de reprovação social, aquele seu esporte coletivo na rua ou na praça? Quanto tempo mais terei que me privar das minhas vontades em meio a um momento sufocante?
A resposta nós não temos. Mas uma certeza é de que ela depende também de mim e de você. Talvez eu esteja até um pouco atrasado. Sei que a maioria conhece a gravidade do momento que estamos passando e já deu uma pausa nesse tipo de atividade. Mas, se ainda houver dúvidas, olhe para o esporte profissional. Na data que escrevo essa coluna, dia 31 de março, o Campeonato Paulista de Futebol está parado. Com todos os protocolos, todos os testes, o dinheiro envolvido e a possível falência de alguns clubes, ele, ainda sim, está parado.
Está claro. Não tem nada a ver com o decreto do governador que instituiu a fase emergencial no Estado. Nem com a Prefeitura, que decidiu cumprir o que determina o Plano São Paulo. Por favor. Não é uma canetada de A ou de B que deveria te fazer voltar a ocupar esses espaços.
São vacinas e a imunização de grande parte da população local. São as vidas dos apaixonados por esporte que já se foram que devem ser homenageadas. Não com um minuto de silêncio ou com nome de rua. E sim como um gesto consciente daqueles que colocam o bem estar de quem ama em primeiro lugar.