sábado, novembro 23, 2024
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A incoerência dos dois poderes

Em uma época marcada por uma gravíssima crise política no Brasil, que como consequência despeja problemas em uma das peças de engrenagem do país, no caso a economia, é dever de cada município saber planejar, administrar e gerir com extremo cuidado e cautela os bens públicos. É notória que a atual realidade pede uma contenção de gastos que não comprometa direitos e deveres assumidos anteriormente.

Nos dias de hoje, os poderes Executivo e Legislativo em Mogi Mirim servem bem como parâmetro do momento constatado em boa parte do país. Órgão responsável pela condução da cidade, a Prefeitura talvez viva um de seus momentos mais delicados nos últimos anos, justamente em uma Administração que surgia como um sopro de esperança para os munícipes.

Desorganizada e tomada por uma grave crise financeira, escancarou seu conturbado cenário nesta semana, após publicação de um decreto que pede a contenção de gastos em todas as esferas, desde tarifas básicas como de água, energia, telefone e combustível até o cúmulo de anunciar não promover mais nenhum investimento no município senão aqueles que atendem à Constituição Federal, em áreas como a Saúde e a Educação.

É aí que começa a primeira incoerência. Se o momento é pra lá de ruim, o que justifica o investimento de R$ 22,8 mil em um imóvel no Centro da cidade para o aluguel de sete secretarias municipais? É mais do que explícito que, na atual conjuntura, isso não passa nem perto de ser uma prioridade. Até o desfile do Dia da Independência foi suspenso, frustrando quem participaria da solenidade cívica. A impressão é que Gustavo Stupp não gostaria de ficar cara a cara com a população, por medo ou simplesmente desleixo em uma data tão importante para o país.

A segunda incoerência pode ser observada nos corredores da Câmara Municipal, ainda vizinha de prédio da Prefeitura. A mesma Câmara que acaba de autorizar a devolução de R$ 750 mil, parte do orçamento remanescente de duodécimos, ao Executivo e rejeita a quinta sessão por motivos financeiros, está prestes a alugar uma nova sede em um imponente imóvel às margens da Igreja Matriz de São José pela bagatela de R$ 23 mil ao mês, em contrato válido por dez anos. Como na Prefeitura, a observação se repete. Não é prioridade tal investimento.

Fica claro faltar maturidade, responsabilidade e uma dose de bom senso para ambos os poderes. Se a imagem de ambos já é ruim pela cidade afora, ela só tende a piorar daqui para frente. A maré de situações negativas parece só crescer, saindo da onda para um tsunami. A cidade pede socorro e quem deveria prestar o atendimento parece fingir que tudo está bem.

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