O dó é um elemento presente na sociedade capaz de, em muitas vezes, omitir erros e até esconder o verdadeiro caráter de uma pessoa. Embora um erro cometido, seja de qualquer natureza, possa ser reparado, deve ser encarado como uma oportunidade de crescimento pessoal, de correção de determinada falha e aprendizado, para que outros tipos de problemas não voltem a ocorrer e prejudicar não apenas a vida de quem comete o ato, mas também de quem está em sua volta.
Em Mogi Mirim, nos últimos dias, a prisão do autor de furtos em parquímetros, aparelhos do sistema de estacionamento rotativo, a popular zona azul, espalhados por mais de 20 ruas do Centro, resultou em diversos comentários pelas redes sociais, muitos deles, em defesa ao ato cometido pelo infrator, preso pela Polícia Militar na noite de segunda-feira, dia 13, na Rua Ulhôa Cintra, com uma chave de fendas nas mãos.
Chamou a atenção o conteúdo de algumas mensagens, muitas delas, com excessiva defesa ao autor, que de fato, foi o responsável por arrombamento e furto em, pelo menos, 25 aparelhos nas últimas semanas, segundo levantamento da PM. Furto é uma figura de crime sujeito a pena de um a quatro anos de reclusão ou multa, de acordo com o artigo 155 do Código Penal Brasileiro, motivo que por si só acaba com a possibilidade de defesa ao ato cometido.
Na explanação de qualquer tipo de opinião deve-se respeitar as regras da democracia, com divergências sendo aceitas e o bom senso prevalecendo em debates deste ou daquele assunto. Entretanto, defender algo de errado levando como base a dimensão da atitude causada pelo rapaz não parece ser o melhor caminho a ser seguido. Foi possível notar pessoas encarando o fato com naturalidade, algo simples, e isentando de culpa o autor do furto, justificando que os ‘grandes bandidos’, em referência a políticos, roubam milhões, mas que nada de ruim acontece.
Ora, fosse R$ 0,1 ou R$ 1 milhão, não se pode admitir que roubo, furto, crime ou qualquer infração à lei seja passível de defesa. Passar a mão na cabeça e tratar determinada situação como um ‘deslize’ pode piorar o cenário e incentivar uma prática ilegal, que foge contra as regras da sociedade civil. Encarar a atitude do rapaz como algo banal e dizer que apenas os ‘grandes bandidos devem ser presos’ soa como irresponsável e preocupante.
É preciso discernimento, análise mais cautelosa e real dos fatos e um pouco mais de conhecimento a fim de evitar expor opiniões comprometedoras e até absurdas.