*Por Monica Bressan
A integridade envolve a convergência entre palavras e ações. Uma pessoa íntegra faz o que fala e o que pensa sempre galgada pela ética e pela honestidade. E nas empresas não é diferente. Uma empresa íntegra preza pela coerência entre o seu discurso e suas ações. É a integridade que, em grande parte, sustenta a confiança e a credibilidade das organizações perante seus investidores, fornecedores, clientes, colaboradores e a sociedade como um todo.
Acontece que na prática nem sempre vemos organizações pautadas pela integridade. Situações de greenwashing e socialwashing acontecem com uma frequência indesejável, ainda mais em um mundo em que o desenvolvimento sustentável passa a ser uma preocupação de todos a partir da abordagem do ESG.
O greenwashing é, basicamente, uma estratégia adotada por muitas empresas associada à promoção de discursos e ações ambientalmente sustentáveis que, na verdade, não se coaduna com a realidade. A expressão foi cunhada na década de 1980 pelo ambientalista Jay Westerveld em um ensaio em que apontou que a prática da indústria hoteleira de pedir aos hóspedes que reutilizassem suas toalhas como forma de reduzir os impactos no meio ambiente era, na verdade, apenas uma forma delas economizarem recursos com a sua lavagem.
Ao longo do tempo o termo acabou por ser estendido ao âmbito da responsabilidade social, em que se passou a usar a expressão socialwashing como referência às empresas que tem um discurso sobre serem socialmente responsáveis, mas que na realidade não o são.
As ações de greenwashing e socialwashing podem, inclusive, ser caracterizadas como propaganda enganosa. Mas nem sempre é fácil para a pessoa comum distinguir uma estratégia de impacto socioambiental positiva efetiva de uma situação de greenwashing ou socialwashing.
É por isso que a organização íntegra, que efetivamente está comprometida com o ESG, deve adotar estratégias de impacto socioambiental positivas de forma legítima, baseada em fatos e dados passíveis de serem mensurados e monitorados, inclusive pelas partes interessadas de uma forma geral, com a divulgação de informações de forma transparente e não em meros discursos vazios. A integridade, associada à transparência das ações adotadas pelas empresas voltadas ao ESG passou a ser um pré-requisito para o seu crescimento de forma sustentável.
Monica Bressan é especialista em governança corporativa, compliance, ISO 37001, ISO 31000, contratos e finanças