terça-feira, abril 22, 2025
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A irresponsabilidade pelo ventilador

Na já caótica saúde pública de Mogi Mirim, há anos defasada em termos físicos, estruturais e de mão de obra, uma bomba caiu sobre a área. E, com direito a doses de inconformismo e revolta. Através das redes sociais, uma munícipe denunciou a falta de atendimento de um médico na Unidade Básica de Saúde (UBS) da Santa Clara, no dia 13, quando, em meio a uma onda de forte calor, o profissional resolveu não atender cerca de 30 pacientes que aguardavam, alguns por horas, pelo fato de sua sala não possuir ventilador.

A situação, que beira o absurdo, se torna mais grave devido ao médico ser José Joaquim Tenório, marido da vice-prefeita e médica, Lúcia Tenório (SD), contratado por meio do Consórcio Intermunicipal “8 de Abril”. Logo veio o questionamento: como um médico, que tem como exercício primordial da profissão zelar pela vida, abdica do trabalho por um incômodo físico, vivido por milhares de brasileiros, e até em condições ainda piores?

O tema eclodiu nos corredores do gabinete do prefeito Carlos Nelson Bueno e por toda a cidade. Vereadores buscaram explicações e alguns pediram sua cabeça. O Consórcio, em clara saia justa, já anunciou a abertura de um processo administrativo. Mas, perante a sociedade, o rito de praxe parece pequeno se contabilizado a gravidade no aspecto não só profissional, mas ético e moral.

Com mais de 30 anos de carreira, Joaquim poderia chamar a atenção ao fato sem prejudicar os pacientes. Mesmo informando já ter procurado o gabinete e a secretaria de Saúde e proposto pagar o serviço do próprio bolso, nada justifica tamanha irresponsabilidade. Deveria usar sua inteligência e tratar o ocorrido de forma mais equilibrada, sabendo dosar os efeitos imediatos e de futuro e os interesses individuais e coletivos. Mesmo com as negativas iniciais, ele, mais do que a maioria, tinha condição de aprofundar a questão de forma mais incisiva com Carlos Nelson ou Rose Silva, secretária de Saúde. Especialmente por ser marido da vice-prefeita.

E onde está Lúcia? Era hora da vice-prefeita se posicionar oficialmente. Seu silêncio escancara vergonha, incômodo ou até inconformismo. Imagine ver seu marido, da mesma área, deixar pessoas ao Deus-dará? Lúcia deve uma explicação especialmente porque Joaquim foi um dos responsáveis por uma mudança na secretaria. Durante a campanha, Carlos Nelson prometeu Lúcia como secretária. Somente depois de eleitos, ela revelou que não poderia, pois seu marido e filho atuam no Consórcio. Lúcia observou o interesse da família, mas não deu grande atenção ao coletivo ao deixar para avisar após as eleições.

O marido seguiu o exemplo e colocou o interesse individual acima do coletivo. Assim como não se comunicou como deveria com a população, Lúcia volta a falhar da mesma forma e falta com a consideração que os munícipes mereceriam. Mais uma vez, o respeito e a comunicação com o povo tomaram de goleada.

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