Hoje eu pedirei, com gentileza, a licença do amigo leitor. Hoje não falarei do passado, que é a proposta desta coluna. Darei uma pausa na sequência que criei para contar um resumo dos primeiros passos do Mogi Mirim Esporte Clube, lá entre 1903 e 1904 e o motivo é que preciso falar sobre amigos que, assim como eu, são apaixonados por futebol.
Na última sexta-feira, dia 22, nós nos despedimos do Carlão Correa. Não me sinto a melhor pessoa do mundo para falar sobre ele. Afinal, familiares e amigos mais próximos o conhecem há muito mais tempo. Sabem do bom filho, do bom esposo, do ótimo pai que sempre será. Da sua paixão pelo Palmeiras e pelo Amador local, com equipes como Bancred e um vínculo forte com a Tucurense.
Também é conhecido pelas causas sociais e por seu trabalho com a confecção de uniformes. Aliás, o primeiro jogo de coletes do time que sou presidente em Itapira, o Good Jesus, foi idealizado e produzido por ele. Barateou sem que nós sequer pechinchássemos. Afinal, sabia que o nosso objetivo era muito mais a diversão e amizade do que o resultado. E como ele prezou por suas amizades…
Ah, é claro. Também sempre foi um fanático pelo Mogi Mirim Esporte Clube. E esta paixão é que talvez tenha nos aproximado. Foi falando sobre o nosso Sapão que passamos a nos identificar mais. Carlão sempre foi muito atuante na luta pela salvação do clube e pela preservação de sua centenária história e de seu patrimônio, construído através do sangue, do suor e das moedas de milhares de mogimirianos.
Infelizmente, foi vítima da Covid-19. Mais uma entre as quase 100 em Mogi Mirim. E entre as mais de 215 mil em todo o país. E, ainda mais triste, por ele ter, desde o início, se posicionado de forma muito forte contra os que negam e politizam esta tragédia.
Outro amigo em comum, o Marcelo Brega, está há semanas internado, lutando contra esta mesma doença. Brega é outro apaixonado por futebol, com brilho no Cecap e, atualmente, com uma ligação fortíssima com o Santa Cruz. Por muitas vezes, comprou as minhas ideias pelo simples fato de acreditar que o esporte é o caminho para melhorar o mundo. Estamos em oração por você, Brega. Seus amigos te esperam para que você, junto ao Arlei e outras feras do Cruzmaltino, tirem o Santa Cruz da fila no Amador. Oras, uma hora toda fila acaba.
Assim como, com certeza, a agonia do Mogi Mirim Esporte Clube vai passar e o clube que o Brega e o Carlão adoram, voltará a ser grande. Carlão, aliás, faleceu exatamente no momento em que um passo importante para a reconstrução do Sapo era dado, com o anúncio da retirada de um projeto de lei por parte do deputado Barros Munhoz, que doaria a área do “Vail Chaves” à Prefeitura. Um terreno que pertence ao clube desde meados da década de 1930 e que legitimamente está em seu patrimônio desde 1947.
Sinto que, ali, Carlão soube que a sua missão daria certo. Sentiu nesta vitória que era hora de encerrar sua luta por aqui. E de orientar, de um lugar melhor, aqueles que sempre foram seus parceiros nesta batalha. Está reunido com Miguel de Barros Penteado, Chico Venâncio, Nagib Chaib, Wilson de Barros e outros apaixonados pelo seu Sapão e, lá de cima, darão as coordenadas para esta reconstrução.
Não tenho mais dúvidas de que o Mogi Mirim voltará a ser o que sempre foi. O orgulho de Mogi Mirim. Quando a sua missão for concluída por seus pares, sem dúvida, haverá um local especial no estádio com o seu nome, Carlão. Nome que já está gravado para sempre no coração de quem teve a honra de conhecê-lo e que será eternizado como o ótimo soldado que sempre foi na guerra pela preservação de uma das instituições mais importantes de nossa história! Obrigado, Carlão Correa!