A luta dos professores do Estado de São Paulo completou nesta semana 60 dias e somente agora, após muita resistência, é que o governo deixou de negar que o movimento existe. Na quarta-feira, uma proposta finalmente foi feita pelo secretário de Educação, Herman Voorwald, ao sindicato dos professores, a Apeoesp. Mas, as condições oferecidas aos professores não são viáveis neste momento e a greve pode se estender por muitos dias, caso os docentes considerem necessário. A insatisfação com a Escola Pública chegou ao extremo e o que se percebe nas ruas de São Paulo, onde os professores se reúnem semanalmente desde março e clamam com fervor pela mudança, é que não dá mais!
No entanto, apesar das condições propostas pelo governo estarem longe das consideradas ideais e que realmente valorizem o professor e os estudantes, o fato de Herman ter sugerido algo tem grande significância: de que o movimento foi reconhecido e é necessário oferecer algo para os professores.
Mais do que o cenário que pode ter desdobramento para as próximas semanas, é válido ressaltar a importância dos movimentos de resistência. O cenário atual mostra o quão eles são necessários. Se muitos professores não tivessem se unido e ido para as ruas cobrar uma mudança, talvez nem sequer o mínimo que foi proposto fosse anunciado.
A importância da luta em grupo não se destaca somente no caso dos professores, há inúmeros setores que se mobilizam com o objetivo de alcançar seus anseios e conseguem algo. Contudo, existe ainda grande parcela da sociedade, e mesmo muitos professores, que não parou para refletir o quão é importante lutar pelo coletivo e a necessidade de se mobilizar além das telas dos computadores e do conforto dos sofás.
A sociedade se mostra por diversas vezes individualista, com cada qual pensando somente em defender seu status e objetivos. O resultado é: pessoas reclamando para vizinhos, amigos, nas redes sociais e sem qualquer poder de ação. A internet deve ser entendida como uma aliada para a transformação, mas é importante que a luta seja completada na rua! Talvez, se as forças interiores fossem somadas, a sociedade tivesse a possibilidade de ser transformada. O povo teria grandes chances de ter visibilidade perante às autoridades para viver em um ambiente melhor. Não que o governo, seja no âmbito que for, não tenha o dever de representar a população e fazer o melhor por ela mesmo sem a luta. No entanto, como a realidade é outra, fiscalizar e agir são ações que poderiam fazer a diferença.
Porém, com o caos instaurado, como fazer com que as pessoas saiam do comodismo e deixem a ignorância? Os professores têm papel especial na transformação, em mostrar para os jovens que a História não está definida e os caminhos podem ser alterados, mas precisam de condições para exercer suas funções. De outro lado, fica a pergunta: há interesse por parte dos governos em fazer com que o povo se mova e faça valer seus direitos?
