Estamos a pouco menos de três meses para um reencontro histórico. Se as águas seguirem o fluxo atual, o Mogi Mirim Esporte Clube voltará a jogar profissionalmente após quase dois anos. O Sapão foi inscrito na Segunda Divisão do Campeonato Paulista, o quarto nível do futebol estadual. No retorno a um degrau tão baixo, o time vermelho e branco reencontrará um rival de longa data.
Para o dia 22 de maio, uma sexta-feira, a partir das 20h, foi marcado o duelo entre Mogi Mirim e Esportiva Itapirense. O encontro do primeiro turno será no Estádio Municipal Chico Vieira, em Itapira. Os clubes não se encontram pelo Campeonato Paulista de Profissionais desde 1957. Os outros duelos pelo estadual foram registrados em 1954. Já a última vez em que se enfrentaram profissionalmente foi em 2009, na Copa Paulista.
Se nos últimos 30 anos as cidades ficaram em degraus separados, criando uma falsa sensação de inexistente rivalidade entre os atuais clubes que representam Itapira e Mogi Mirim, as primeiras temporadas da modalidade em nossas terras foi de intenso embate. Recordarei por aqui alguns destes confrontos, como o épico 9 a 1 aplicado pelo Mogi sobre a Esportiva no Torneio da Amizade.
Também é importante reforçar que o Mogi Mirim fez duelos profissionais contra outros times itapirenses: o Santa Bárbara e o Itapira Atlético Clube. Contra este último, aliás, está registrada a maioria das partidas profissionais. Importante ainda ressaltar os encontros dias do Auto e do Rio Branco, dois dos maiores clubes itapirenses, em partidas do Certame Amador do Estado, organizado pela Federação Paulista, além de amistosos contra equipes como a Usina e o Itapira Esporte Clube.
Porém, hoje, trago a vocês um dos primeiros relatos de um duelo do Mogi Mirim diante de uma equipe da vizinha cidade. Conforme publicou o jornal Folha de Itapira, no dia 12 de outubro de 1919, pouco mais de um mês após a sua fundação, o Sport Club Itapirense foi convidado a duelar com o ainda chamado Mogy-mirim Sport Club. O encontro ocorreu no estádio mogimiriano. Ou no ground, como diziam os periódicos da época sobre os espaços para partidas de futebol.
Com a expectativa de evitar uma goleada vexatória, o time itapirense voltou para casa com uma vitória. O embate se deu em clima de fato amistoso, com aplausos às duas equipes. Interessante também a observação do jornal ao dizer que o capitão do SCI acertou ao escolher ‘o lado inferior’ no primeiro tempo, com o desgaste mogimiriano na etapa final, indicando que o campo não se situava em terreno plano.
O único ‘goal’ saiu na etapa final. Após ‘corner’ cobrado por Odil, Paulista marcou de cabeça o tento itapirense, garantindo a vitória diante do MMSC, como se abreviava o nome do Sapão à época. O periódico cita ainda que, após a partida, o Mogi ofereceu “opíparo jantar” aos itapirenses no Hotel Brasi, com a presença, inclusive, do então deputado Ferreira Alves. Interessante também a indicação de que esta não foi a primeira peleja em que mogimirianos e itapirenses estiveram em campo: “é certo que há um bom número de anos, Itapira não consegue nesse terreno vencer Mogy-mirim”, diz trecho da reportagem.
Apenas por este encontro de 1919, já podemos dizer que a rivalidade entre as agremiações futebolísticas dos dois municípios é secular. Também vale dizer que, anos mais tarde, o Sport Club Itapirense se fundiu ao Itapira Futebol Clube, dando origem, em março de 1947, à Sociedade Esportiva Itapirense. Ou seja, no rival deste ano, passa ainda um pouco do sangue daquele time que o Sapão enfrentou há mais de 100 anos. Se a divisão está aquém da história recente do Mogi, ao menos está oferecida a chance de reencontros históricos e de alta rivalidade com clubes da região.
