sexta-feira, novembro 22, 2024
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A máquina de fazer trouxa

Depois do aspirador de pó, das máquinas de lavar roupa e louça e outras engenhocas, eis que, para felicidade dos aficionados em tecnologia, surge a urna eletrônica, aparelho transcendental potencialmente capaz de, num piscar de olhos e sem estardalhaço, transformar milhões de cidadãos respeitáveis em trouxas de ocasião.

Há, porém, de se lembrar a usuários mais satisfeitos e menos avisados, que, como em quase tudo neste mundo da tecnologia, nelas também se enleiam riscos e desabonos inevidentes.

É preciso que se diga que, se de um lado supõe-se que o referido engenho tão prontamente metamorfoseie cidadãos em trouxas, de outro, nos meandros de seu complexo e obscuro interior, é certo que transmude felizardos membros de certos grupos aquadrilhados em novos e afortunados mandatários riquíssimos, por cujas mãos fluirão bênçãos inimagináveis para proveito dos bancos estrangeiros e dos mais abomináveis e inconfessáveis projetos pessoais e políticos. É mesmo de cair o queixo.

Outra ressalva é a de que a um engenho assim complexo e insondável, envolvendo patentes inquestionáveis e tantos mistérios e segredos invioláveis não se possa, nem se deva minimamente questionar. Por dogma tecnológico que é, assenta-se bem cima da toda compreensão e de toda verdade. Sem querer ser nietzschiano, diria assentar-se, até mesmo, bem além da dualidade retrograda e maniqueísta do bem e do mal. Levantar dúvidas à prestidigitação dessa maquiavélica maquinação ultrapassa a barreira do legítimo, uma vez que seus mágicos processos e seu hermetismo operacional escapam à alçada dos cidadãos comuns.

É coisa para papas do Estado teocrático e dogmático bolivariano, mesmo que fragorosa e declaradamente ateu e laico no que se refira a outros deuses que não seus próprios dirigentes e idealizadores. Imiscuir-se nisso não só pode dar confusão como configurar apostasia, heresia e blasfêmia antiprogressista punível com a condenação eterna ao limbo da liberdade de pensamento, da dignidade cívica e da honestidade intelectual.

A pátria nazitupiniquim já não tolera tais transgressões ao projeto autoritário do delírio socialista, e o atual governo, mesmo que bonitinho por fora, já tem seus métodos para conformar os inconformados via descaso oficial e mentira goebbeliana reciclada do 3° Reich. O ato de pensar, de dialogar e de denunciar já não é compatível com a realidade que vivemos, configurando fragrante insubordinação ideológica, própria, para felicidade dos judeus, dos assim chamados “de direita”.

Danem-se as declarações dos especialistas em criptografia e computação que insistem em denunciar a insegurança das eleições digitalizáveis consolidadas tão somente pela patética e suspeitíssima obsessão em se priorizar a agilidade da apuração em detrimento da legitimidade democrática.

Então, para gáudio dos interessados e constrangimento geral da nação, diga-se ao povo que as urnas ficam: e ponto final!

Que arrogância maior então seria necessária para motivar magistrados a posicionarem-se diante de tamanha aberração? Que tal uma moção da OAB obrigando o Supremo Tribunal Federal a manifestar-se, já que nada é mais inconstitucional que a fraude eleitoral?  

Nada, aliás, neste drama histórico a que se alheia o TSE poderia avermelhar mais aquelas negras becas que o desleixo diante do clamor e da indignação da Nação.

Até pela preservação da imagem, deveria o Supremo estancar as suspeitas mediante a simples obrigatoriedade de, em consonância com a totalidade das nações sérias, se retomar a confiabilidade das contáveis e recontáveis cédulas impressas que, se bem cuidadas, pelo que se sabe, a menos de alguma canseira dos apuradores, nunca fizeram e nem farão mal a ninguém.

 Sérgio Caponi, escritor, engenheiro, presidente da Academia Campineira de Letras e Artes – ACLA – Membro da Academia Campinense de Letras – ACL. 

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