Pesa na consciência de todos os verdadeiros mogimirianos a sensação de que muito da qualidade de vida que se acumulou ao longo da história e da tradição da cidade se perdeu em inúmeros equívocos políticos e econômicos, que destituíram muito do orgulho natural que se pode ter pela terra que a todos abriga. O País vive um estado de convulsão incômoda, que não antecipa uma transformação positiva. Pelo contrário, o que se vê é a impunidade gritante diante da corrupção, a renovação do compadrio político, a ineficácia do Estado em seus pressupostos institucionais, os ânimos exacerbados, a violência explícita e o povo à espera das migalhas nos setores essenciais como trabalho, saúde, educação e moradia.
Para as pessoas de bom-senso, os tempos atuais são temerários e as notícias alimentam um estado de apreensão que inquieta, que provoca a busca de ânimo para promover as verdadeiras transformações. Os gritos que ecoaram nas ruas em junho não se traduziram em resultados, mas foram a expressão mais eloquente da insatisfação.
Não faltam motivos para acrescentar mais informação negativa. Mas também não se pode render unicamente ao lado negro da história, sem relevar as importantes e perenes conquistas de um povo que reconhece a sua história, preserva seus valores, respeita seus iguais e busca os caminhos do desenvolvimento com harmonia. Existe uma enorme parte desta cidade que deu certo, iniciativas que são reconhecidas por todos, que se impuseram pelo trabalho, pela competência, dedicação e voluntariado.
Algumas delas são a expressão clássica do espírito propositivo da sociedade e estão lembradas no caderno especial dedicado ao Dia da Cidade nesta edição. Muitas outras não são citadas diretamente, mas ficam subentendidas na intenção de mostrar aos mogimirianos de coração que persistem, sim, muitas empresas, atletas, instituições, grupos e espaços que enchem de orgulho aqueles que olham Mogi Mirim com os olhos do reconhecimento, da afeição.
Os maus e suas agruras passam, como muitos já passaram. Mas o que fica é uma cidade que dá certo, que merece os parabéns e precisa ser vista muito acima dos problemas pontuais que a afetam. 244 anos de história não podem ser manchados por poucos anos de incertezas.