quinta-feira, novembro 21, 2024
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A Mogi Mirim que não dá certo

Na edição passada, comemorativa dos 244 anos de Mogi Mirim, O POPULAR procurou alinhar alguns aspectos positivos da cidade, pessoas, empresas, instituições e tradições que são caras ao povo que ama esta terra, e que, apesar dos percalços, conseguem se manter como exemplos vívidos de iniciativas que dão certo e elevam o nome da cidade, enquanto promovem o bem-estar, plantam o crescimento social e valorizam as pessoas. Foram poucos exemplos de tantos que poderiam ser enumerados, mas um elenco satisfatório para mostrar que tudo vale a pena quando se tem a fé no povo e nas tradições, não nas contrariedades transitórias.

Passadas as merecidas homenagens e festividades patrocinadas por empresas e veículos de comunicação, é sempre o momento para reflexão e para atualizar a agenda de compromissos de responsabilidade e cidadania. Nem tudo são flores e a evolução depende do quanto todos se aplicarão para corrigir os rumos da história e da economia local, na forma que sustente projetos factíveis, e não meros factoides.

Se existe uma Mogi Mirim que dá certo, acima de todas as contradições, permanece uma cidade que tem seus problemas que se arrastam através dos anos, mostrando o quanto se deixou de fazer. Se há exemplos que mostram a força da iniciativa pessoal e de entidades fortes e representativas, existem os problemas que se perpetuam, atravessando as ondas do descrédito e superando as soluções inadiáveis que se impõem e foram relegadas a segundo plano por administrações sucessivas.

Tem a poluição do lago do Lavapés, que passou por um intensivo desassoreamento durante a gestão de Jamil Bacar, foi feita obra de desvio de esgotos em todo o seu entorno, mas hoje se apresenta inexoravelmente poluído; tem as praças abandonadas, com brinquedos quebrados; tem a economia estagnada, com o comércio amargando resultados comprometedores nos últimos anos e a indústria de mantendo pelo empreendedorismo individual.

Enquanto isto, os serviços públicos chegam a ser vergonhosos, a despeito de um esforçado e competente funcionalismo. A Saúde está longe de ser preventiva e o atendimento ainda é marcado pela falta de profissionais e de uma agenda rápida; na Educação, a questão da merenda escolar paira como uma obsessiva preocupação e mote para ataques políticos.

Tem o trânsito encalacrado em diversos pontos da cidade, um sistema de transporte coletivo comprometido, caro e sem alternativas, cuja única proposta é um terminal tecnicamente impensado e projetado pela euforia; tem um setor rural que já teve a maior representação regional e hoje vive à margem do apoio oficial.

É uma cidade que evolui, tem suas tradições e seu povo que supera as maiores dificuldades. Mas não consegue impor sua ascendência política e não consegue se livrar de importunas intervenções que são responsáveis por um atoleiro aparentemente intransponível, ao menos enquanto não se renovarem as disposições e intenções de renovação política.

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