Esperar por soluções ou atrações externas para questões em áreas diversas como saúde e cultura costuma ser a alternativa mais comum encontrada na população. Chamar para si a responsabilidade de fazer sua parte em uma sociedade em que o pagamento de impostos justifica a cobrança ao governo por boas condições nos mais diversos setores, o que é correto, é algo minoritário e quando acontece, chama a atenção. Enquanto muitos simplesmente se acomodam sem tomar grandes atitudes em benefício da coletividade, alguns vão além da omissão e adotam a condenável postura de ser nocivo à sociedade.
O caso registrado na noite de domingo, no Seac, zona Leste da cidade, em que uma viatura da Guarda Civil Municipal foi apedrejada ilustra bem o desinteresse em preservar o bem coletivo, figurando na categoria de atitude condenável. Durante uma ocorrência de furto, um jovem abandonou o automóvel e instigou populares a apedrejarem a viatura. As pedras danificaram o veículo, gerando prejuízo ao poder público. Não bastasse o aspecto financeiro, a atitude dos vândalos ainda demonstra o desrespeito a uma corporação, que deveria ser valorizada por atuar na segurança do patrimônio público.
Atos de vandalismo não se restringem ao ocorrido no Seac. Pichações em diversos locais públicos, quebras de lixeira, danos em postes e vandalismo em escolas servem de exemplo de atitudes condenáveis.
Contrastando com o vandalismo contra o veículo da Guarda, o menino Otávio Cenzi dos Santos Paula, de 12 anos, deu um exemplo de cidadania e conscientização coletiva ao decidir de forma espontânea fazer a doação de cabelo ao Hospital do Câncer de Barretos. O garoto surpreendeu os pais ao revelar que pretendia cortar o cabelo e doá-lo, seguindo uma prática que tem encontrado diversos adeptos na doação de material para servir na produção de perucas para doentes de câncer que acabam ficando carecas em função do tratamento.
Outro exemplo interessante vem de indivíduos que decidem trabalhar a arte de forma descentralizada, reunindo pessoas para saraus em quintal com apresentações artísticas, em movimento nascido da iniciativa popular, independente do governo. O exemplo de Daniel Viana Leitão, apresentado na página B1 desta edição, é outro a ser celebrado. Viana trabalha em um núcleo que promove de forma independente sessões de cinema gratuita para a população.
Ter atitudes amplas como as de Daniel e Otávio são dignas de aplausos, mas ser útil à sociedade pode vir de práticas simples como fazer cada um a sua parte, por exemplo, no combate à dengue. Olhar para si e enxergar no meio uma oportunidade de beneficiar o coletivo pode ser uma porta de entrada para melhorar o mundo em que se vive.