sexta-feira, novembro 22, 2024
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A periferia para escanteio

Não é segredo que as últimas administrações municipais enfrentaram e ainda enfrentam extrema dificuldade no que diz respeito à manutenção pública da cidade, muito em conta da caótica crise financeira. Para se ter uma ideia da dimensão do problema, desde o ano passado são os reeducandos do Centro de Ressocialização João Missaglia os responsáveis por suprir essa necessidade quase por inteira. O convênio firmado com o governo do Estado e a Prefeitura caiu como uma bomba na cidade e chegou cercado de desconfiança por substituir funcionários da Cidade Brasil, antes responsáveis pela limpeza pública. O motivo, para não perder o costume, esteve ligado à quantia financeira.

Não, não são apenas os reeducandos à frente da limpeza. Pressionada e percebendo o problema, o Executivo correu para contratar profissionais do Consórcio Intermunicipal Cemmil Pró-Estrada e apaziguar a situação. Porém, são 52 reeducandos e apenas 10 trabalhadores do consórcio, número ínfimo perante o tamanho de Mogi Mirim. Na semana passada, o secretário de Serviços José Paulo da Silva admitiu que o ideal seria, ao menos, o dobro deste número, algo impensável no momento devido à falta de dinheiro.

Pior ainda é que, ciente da necessidade de efetuar a limpeza, a Prefeitura prioriza o serviço em eixos estratégicos, de grande fluxo de pessoas, aumentando sua exposição e mostrando para parte da população que a limpeza vem sendo feita. Exemplos são as avenidas Brasil, 22 de Outubro, Pedro Botesi, além de praças públicas de grande movimentação. Mas, a pergunta que fica é: e a periferia, e os bairros mais afastados?

O POPULAR publicou em sua edição do último sábado o agonizante cenário da Rua João Antunes de Lima, no Maria Beatriz, zona Sul da cidade. Mato alto, grama invadindo o asfalto, buraco para todos os lados, animais peçonhentos, como cobras, ratos e até sapos invadindo as casas e um cenário de destruição. A cena se repete em ruas vizinhas e está espalhada por bairros da zona Leste, Norte e Oeste. Mogi Mirim II, Vila Universitária, Vila Dias, Linda Chaib, Mirante, Cecap, Tucura, Santa Clara, Santa Luzia, Flamboyant, Parque da Imprensa, Santa Cruz, Parque do Estado. Seria preciso páginas para enumerar todos os locais com defasagem na limpeza pública.

A Prefeitura tem a obrigação de olhar com os outros olhos para aquele cidadão sofrido, esquecido em regiões que mal comportam uma infraestrutura mínima. O problema não se concentra apenas no Parque das Laranjeiras. Existem muitos outros “Laranjeiras” por toda a extensão da cidade. Voto se conquista longe do Centro e das principais avenidas. Confiança, respeito e educação também. Mas, vai explicar isso aos governantes. Se fingem de cegos ou ignoram esse contexto.

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