sexta-feira, setembro 20, 2024
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A população não aguenta mais

Leitor, ao dar início à leitura desta coluna, a indagação sobre qual a razão de O POPULAR, mais uma vez, retratar em suas páginas a situação vivida pela Santa Casa de Misericórdia, que chega a pontos talvez nunca vistos antes, pode vir à tona. Se a intervenção de Carlos Nelson Bueno, em 2012, chegou acompanhada de surpresa, o que chama a atenção no atual momento é, além das acusações e evidências sobre o serviço ruim prestado pelo hospital e insinuações de que a Prefeitura quer assumir o controle da Santa Casa, o tempero azedou de vez, a ponto de uma simples conversa olho no olho entre as partes se tornar motivo de desgaste.

A proposta de R$ 700 mil, além da assunção administrativa de equipamentos e do prédio do hospital pela Administração Municipal, ou seja, o controle dos serviços e da estrutura por Carlos Nelson e companhia, foi rechaçada pela Santa Casa, que fez uma série de exigências e exigiu o valor mensal de R$ 1,2 milhão. Com a negativa do prefeito, já impaciente com a provedoria do hospital, o quadro se agravou. A paralisação dos serviços de Ortopedia e da UTI Neonatal em pleno feriado de São José, inclusive, com o pedido de demissão de médicos, foi a cereja de um bolo amargo e indigesto.

O momento é de pensar na população. O cidadão da periferia e de bairros distantes do hospital, enfermo e já com a saúde combalida, não tem o interesse em saber se a Prefeitura ou a Santa Casa estão certas ou erradas e muito menos ser palanque para uma disputa que parece não ter fim. Ele quer atendimento digno, de qualidade, sem rodeios ou desculpas.

Promessas vazias, acusações e uma prática bem distante do discurso são situações abominadas pela população, já cansada de ficar no fogo cruzado. A impressão é que não existe uma disposição em resolver o imbróglio de maneira ordeira, em especial da Santa Casa, a começar pela falta de argumentos contundentes. Onde estão as explicações, as entrevistas de diretores responsáveis pelo hospital? A situação não se remete apenas a atual provedoria, que tem Milton Bonatti, considerado na cidade uma pessoa limpa e íntegra, como seu comandante, vem de anos atrás, mas notas oficiais e transmissões ao vivo no Facebook não podem ser o canal de comunicação mais adequado diante de uma crise tão grave.

Do outro lado, a Prefeitura é dura na queda, tem em seu prefeito um homem marcado negativamente dentro do hospital por todo histórico, a ponto de qualquer medida sua ser vista com olhares retorcidos e sob a ótica da intervenção. Não morre de amores pelo hospital, não é a essa altura que morrerá.
Deve-se ser levado o aspecto técnico e não o emocional.

A Santa Casa não é um jogo de futebol onde um time ganha e outro perde. Somente a lucidez e a verdadeira disposição das partes em dar fim ao drama poderão salvar o hospital. A população já não aguenta mais essa guerra.

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