Desde o primeiro ano de governo de Gustavo Stupp, o planejamento parece nunca ter sido prioridade. Um de seus primeiros projetos colocados em prática, e que logo causou repercussão na cidade e impressão mais do que negativa, o organograma municipal, uma total reorganização na estrutura administrativa do Poder Público, com a criação de inúmeras secretarias municipais, salários exorbitantes para os secretários, o surgimento dos cargos de gerentes, assessores e outras mudanças, colocou um ponto de interrogação na cabeça de muita gente e levantou o questionamento se aquilo era realmente necessário dentro de um município que possuía outras prioridades em relação a investimentos.
O curioso é que, desde então, a impressão é a de que a nomeação se sobrepunha ao trabalho desenvolvido em cada secretaria.
Prova disso foram as constantes substituições de secretários e a interrupção das atividades desenvolvidas em cada pasta municipal. Foram inúmeras trocas ao longo dos últimos anos, muitas vezes, sem a justificativa plausível em nome da Prefeitura. No primeiro ano de governo, secretários chegaram a acumular o comando de duas secretarias de forma simultânea como Mauro Haddad, responsável pelo antigo Departamento de Serviços Municipais, e com nova nomenclatura no governo Stupp, na Segurança e no Trânsito e Transportes.
A situação se repetiu ao longo do mandato, com outros secretários acumulando funções, em realidade vista no segundo semestre do ano passado, com a diminuição de 16 para 10 secretarias visando o corte de gastos, e até a redução do salário de Stupp em 20%.
Chama, e muito, a atenção, além do acúmulo, a dança de cadeiras. Além do fato de a justificativa nunca ser convincente, é difícil entender a razão para as trocas. Fica complicado imaginar um trabalho coerente e de qualidade em cada pasta municipal se a Prefeitura, a cada, três, quatro meses ou seis meses, promover a substituição do secretário, e até de membros de cada unidade.
O mais novo caso é do agora, ex-secretário de Saúde, Emílio Wacked, que após pouco mais de três meses foi exonerado do cargo pela Prefeitura, dando lugar para a secretária de Assistência Social, Beatriz Gualda. Era nítido que Emílio vinha fazendo um bom trabalho à frente da secretaria, expondo os problemas com sinceridade e buscando alternativas para a melhoria no setor. Uma troca, a essa altura do campeonato, com poucos meses para o fim do governo, é benéfica para o setor de maior complexidade no município? A resposta parece não ser positiva. Stupp e sua equipe deveriam ter mais organização e seriedade, com soluções definitivas e não paliativas.