Quem pensou que imperaria a vontade dos vereadores da base aliada ao governo, enganou-se. A votação surpreendeu e, dessa vez, o prefeito Gustavo Stupp (PDT) não teve a maioria na Câmara. Apenas Waldemar Marcúrio Filho, o Ney (PROS), foi contra o projeto do plebiscito.
Os demais optaram pela democracia e, finalmente, o povo poderá manifestar se concorda ou não em conceder o Serviço Autônomo de Água e Esgotos (Saae) à iniciativa privada. Na sessão de segunda-feira, o projeto de decreto legislativo, que autoriza a convocação de plebiscito, foi aprovado por 16 votos.
Embora a consulta popular esteja garantida, a palavra final está nas mãos da Prefeitura, dependendo apenas da aprovação de Stupp. Se ainda lhe restar um pouco de bom senso, deverá estar atento ao clamor da população. Enquanto ainda há incerteza quanto ao destino do Saae, a única evidência é que houve uma mudança de postura dos parlamentares da base quanto ao assunto.
A concessão do Saae sempre foi um tema polêmico e de repercussão dentro dos debates políticos. Desde a aprovação da lei, nunca houve consenso entre os vereadores. Parte defendia a proposta do Executivo e a outra condenava aquilo que considera a venda de um bem público. O fato agora é que ambos os lados estão falando a mesma língua. Concordaram que é preciso dar crédito à opinião dos mogimirianos.
Quando o projeto do plebiscito do Saae subiu para a Câmara, em junho deste ano, os vereadores da base se mostravam resistentes. No mesmo período, um abaixo-assinado com o total de 3.699 assinaturas contra a concessão foi entregue ao presidente do Legislativo.
Passaram-se seis meses e, aos 45 do segundo tempo, o documento, até então na geladeira, foi resgatado. De repente, todos pareciam “ser o pai da criança” e resolveram dar apoio à causa. Não restam dúvidas que a pressão e o engajamento popular foram fatores decisivos nesse resultado.
Ficou ainda mais claro que agir contra a vontade dos munícipes poderia levar ao fracasso nas próximas eleições. Até mesmo a Prefeitura, de maneira surpreendente, anunciou o cancelamento de uma audiência pública, já marcada para a noite de quinta-feira, a fim de debater os termos do edital que prevê a concessão.
Por meio de nota, o prefeito também apoiou a decisão da Câmara e afirmou que acredita ser necessária uma discussão mais ampla entorno das vantagens e desvantagens da transferência da autarquia para o setor privado. Os nomes são dispensáveis. Aqueles que realmente merecem crédito por essa conquista, que começou a ser desenhada lá trás, sabem bem disso.