sábado, novembro 23, 2024
INICIAL☆ Destaque EsporteA reinvenção campeã proporcionada pelo jiu-jitsu: saúde e conquistas no esporte

A reinvenção campeã proporcionada pelo jiu-jitsu: saúde e conquistas no esporte

Buscado de forma despretensiosa como uma atividade para passar o tempo, o jiu-jitsu chegou na vida de Juliana Cristina Longhi, a Ju, de 29 anos, de forma avassaladora e garantiu resultados inesperados, na vida pessoal e esportiva, em uma genuína e vencedora transformação.

Além de conquistas nunca planejadas inicialmente, Juliana vivenciou uma revolução em seu corpo como consequência do esforço nos treinos. Há cinco anos, quando começou no esporte, a garota de 1,50 metro pesava 82 quilos. Hoje, está 30 quilos mais leve. “Eu nem ligava para querer emagrecer. Mas aí eu treinava, treinava e automaticamente fui perdendo peso”, conta.

Juliana investiu mesmo na redução de peso, como objetivo, apenas em sua primeira derrota, mas não por questão estética, mas de desempenho. “Eu pensava que eu era forte, mas eu estava gorda. Aí vi que precisava fazer musculação e mudei a alimentação”, revela.

Esforço nos treinamentos rendeu expressiva perda de peso para Juliana Longhi. (Foto: Diego Ortiz)

Início
Farmacêutica, Ju começou com o jiu-jitsu depois de terminar a faculdade. Como estava sem atividades, resolveu praticar algum esporte. O jiu-jitsu foi escolhido por influência de uma amiga. “Como nós andávamos juntas, ela começou a fazer no Guaçu e eu comecei a fazer aqui”, relembra.

No início, Ju também não pretendia competir e nem visava defesa pessoal, algo que nunca precisou utilizar. “Ainda bem que não, é bom saber e não precisar usar, mas se precisar…”, brinca.
Ju começou nos treinos em Mogi Mirim, sob o comando do Sensei Reis, responsável por levá-la à primeira competição. “Ele chegou no meio do treino, falou que ia ter campeonato e quem quisesse, levantava a mão. Eu nem sabia de nada e levantei”, lembra.
O embalo veio pelo bom resultado na estreia, em Jacutinga. “Eu ganhei, gostei, aí não parei mais”, recorda.

A conquista surpreendeu amigos: “Ninguém imaginava, ainda mais pelo peso que eu tinha”.

Hábitos e estratégias
O mergulho no esporte provocou uma natural perda de peso em Juliana, que descobriu as vantagens do emagrecimento e decidiu aderir à mudança de hábitos. Ao mesmo tempo, a perda do peso gerou uma alteração no estilo de luta.

Como foi emagrecendo cada vez mais, passou a mudar de categoria, sempre vencendo. Então, passou a ter a intenção de emagrecer não apenas para lutar melhor, como para competir em uma categoria abaixo e, assim, ser campeã nas mais diversas faixas de peso.
Ao emagrecer, Juliana passou a lutar melhor em função da agilidade. “É outro jogo e, pela minha altura, também não posso ser pesada. Quando eu era mais pesada, eu jogava mais por baixo, aí eu fui mudando meu jogo”, explica.

Para alcançar as metas estabelecidas, modificou a alimentação. “Cortei açúcar, fritura. Qualidade de vida é outra, fui vendo que eu meu desempenho ia melhorando cada vez mais”, ressalta.
Como passou pelas mais diversas categorias ao ir reduzindo o peso, Juliana enfrentou uma vasta gama de atletas: “Tem uma equipe de Itapira que as meninas cada uma era de uma categoria. Eu fui descendo e lutando com cada uma delas e ganhando”.

Além de competir em sua faixa de peso, Juliana luta na absoluto, em que não há limitação e envolve dinheiro na premiação. Nesta disputa, já ganhou duas vezes. “Já peguei atleta de 110 quilos”, destaca.

Com treinos de segunda a sábado e lutando em aproximadamente dois domingos por mês, Ju se permite sair da linha na alimentação após os campeonatos, como uma espécie de comemoração: “Como eu já conheço bem meu corpo, dá para extravasar um pouquinho, a gente ganha e vai comer alguma coisa”.

Por outro lado, as bebidas alcoólicas foram riscadas do cardápio, pois entende não combinar com esporte: “Eu bebia para caramba, mas depois que comecei com esporte, nem consigo mais beber”.
Todas estas mudanças motivadas pelo jiu-jitsu resultaram em uma expressiva evolução na saúde. “Antes eu estava com pré-diabetes, colesterol, agora meus exames são top. Eu mudei da água para o vinho com o jiu-jitsu”, festeja.

Juliana Longhi entrou no jiu-jitsu com 82 quilos e emagreceu 30: novos hábitos. (Foto: Arquivo Pessoal)

Coleção de conquistas e novas metas

Hoje competindo na categoria pluma (até 53 kg), faixa roxa, adulto, Juliana acumula conquistas nas competições ligadas à Confederação Brasileira de Jiu-Jitsu Esportivo (CBJJE). Em 2017, foi campeã paulista, brasileira e sul-americana, além de ter sido bronze no Mundial de 2016. Ontem, no fechamento desta edição, disputaria o Mundial 2017, em São Paulo. A partir de 2018, com 30 anos, passará a competir na categoria máster, na faixa etária de 30 a 35.
Neste ano, Juliana se filiou à Confederação Brasileira de Jiu-Jitsu (CBJJ), que apresenta um nível mais forte, segundo observa. A ideia é só passar a competir na CBJJ, pois já ganhou praticamente tudo o que disputou na CBJJE. No último Mundial ligado à CBJJ, nos Estados Unidos, Ju não competiu por questões financeiras. Mas neste ano pretende lutar nos Estados Unidos e, em 2018, em Abu Dhabi, em que busca vaga.

Hoje, Juliana concilia a Farmácia com o esporte, mas sonha viver do jiu-jitsu. “Os atletas de ponta treinam 12 horas por dia e moram na academia”, aponta a atleta, que hoje realiza dois treinos por dia, duas horas pela manhã e duas e meia à noite.
Ju treina de segunda, quarta e sexta-feira, na Boss Academy, de Mogi Guaçu, onde é treinada por um ex-aluno de Reis e aluno de Nilton Cadan, o faixa preta André de Souza. Em Mogi, treina na Impacto, de Cadan, às terças e quintas.

Para conseguir uma dedicação exclusiva ao esporte e treinar mais, Ju precisa de patrocínios, o que espera atrair com os títulos. Os gastos incluem inscrições, viagens e alimentação.

Sem parada
A atleta observa que o jiu-jitsu é muito amplo, proporcionando uma evolução diária, com um novo aprendizado a cada treino. “Quando você chega na faixa preta, você está começando tudo, todo dia tem coisa nova, é muita coisa”, salienta Juliana.

Com fome de aprendizado e fascinada pelo esporte, Ju pretende lutar a vida toda. “Tem atleta de jiu-jitsu que luta com 50, 60 anos, vai por categoria. Não pretendo parar nunca”, garante.

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