O direito à liberdade de expressão e à democracia de uma maneira geral é princípio básico para um estado de direito que preze pela ordem, respeito e o progresso de toda uma nação. No Brasil, o assunto ganha importância em qualquer camada da sociedade, impulsionado com o “boom” da era digital e a facilidade nas manifestações pela internet. De opiniões e pontos de vista convencionais, seja em rodas de conversa no banco da praça ou em um bar, até a posição publicada em jornais e revistas, a maneira de argumentar e pontuar determinada posição ganhou uma pitada de coragem com o advento da internet, sobretudo após a chegada do Facebook. Atualmente, as cordas vocais dividem espaço com a digitação, podendo se notar posicionamentos que vão desde os mais coesos até os apelativos, com claros sinais de revolta, ofensa e agressão.
Importantes aliados na maneira de se expressar, de olho na opinião pública, na formação de senso crítico e na imagem que impõem perante toda a população, o vereador ocupa uma lacuna ímpar no processo de defesa do cidadão e do interesse coletivo. O problema é que, protegidos pela imunidade parlamentar, que permite a liberdade de expressão sem rodeios, muitos edis acabam passando do ponto e confundem argumentação com críticas demasiadas, muitas vezes com ingredientes de crueldade, seja por ideologia política ou má fé.
Nos últimos meses, a situação está aos olhos do mogimiriano. Inúmeros vereadores, seja à base da inocência, sangue quente ou puro interesse político, ultrapassam os limites do aceitável. Pôde-se ouvir que o prefeito Carlos Nelson Bueno sofre de problemas mentais, com o absurdo de um requerimento sobre teste de sanidade ao prefeito fosse “sugerido” na Tribuna.
Apelidos pejorativos, termos chulos e acusações, vorazes também fazem parte dos discursos dos edis. Sem falar nos palavrões, como “porra” e “puta que pariu”. Na segunda-feira, o vereador André Mazon acusou uma funcionária da Secretaria de Saúde de ser uma criminosa. Isso sem provas verídicas, pelo menos naquele momento. A fala, além de imprudente, soa como arriscada e perigosa.
Em tempos onde o sistema político e o político em si são vistos de maneira receosa, em virtude da realidade vista nos últimos anos no Brasil, baseada na corrupção, lavagem de dinheiro e o desperdício do dinheiro público, essa não parece ser a melhor forma de expressão para quem legisla pelo povo. É preciso ter responsabilidade com o que se diz, medir o discurso e se precaver. Atos que ofendam a honra ou a integridade podem ter sérias consequências sociais, políticas e até jurídicas. Sabedoria, inteligência e coerência devem prevalecer. O exemplo precisa vir de cima. Antes que seja tarde demais.