sexta-feira, novembro 22, 2024
INICIALOpiniãoArtigosA retomada pelas mãos e pés do Mogi 70

A retomada pelas mãos e pés do Mogi 70

Este é um ano especial para o Mogi Mirim Esporte Clube. Em meio a uma crise financeira e administrativa sem precedentes, derivada de período mais nebuloso em termos de gestão em mais de 116 anos de história, a agremiação celebrará os 50 anos de uma de suas melhores formações. Mais do que isso, o esquadrão que ficou conhecido como Mogi 70 também serviu de marco para a retomada profissional do clube.

O Sapo estreou no profissionalismo em 1954. Disputou competições deste porte até 1958 e ficou mais de uma década afastado, disputando apenas competições amadoras, como em 1965, quando foi vice-campeão municipal ao perder a decisão para a Tucurense. A retomada foi tão forte que, apenas em 1976 o Sapão ficou fora do profissionalismo. O Mogi emendou 42 anos seguidos neste patamar, até ser rebaixado em todos os sentidos pela mais recente gestão.

De volta a 1970, é importante citar o movimento que reconduziu o clube ao Paulistão. Era maio daquele ano. A cidade acompanhava o impasse do ingresso do Sapo na Segunda Divisão. No anseio de inserir o clube na lista de agremiações profissionais no estado, a comunidade abraçou a causa. Uma nova diretoria foi eleita e Santo Rottoli o escolhido para ser o presidente.

A diretoria de futebol era composta por Renê André e Dito Aprígio. A participação política também foi importante. Em Mogi, o prefeito Adib Chaib garantia todo tipo de apoio ao projeto. Já em esferas maiores, o deputado Nagib Chaib, ex-presidente do clube, era o articulador. Com todo o programa apresentado, o último passo para a oficialização do Mogi como participante da Segunda Divisão de Profissionais era a liberação do estádio.

Os jornais da época, Tribuna e A Comarca, registram inúmeras passagens. Entre elas, a visita de Vivaldo Maradei, membro do Departamento Técnico da Federação Paulista de Futebol (FPF). Ele foi o encarregado pelas vistorias nos estádios Vail Chaves, Distrital do Tucura e até ao Alexandre Augusto Camacho, em Mogi Guaçu. Viu arquibancadas, alambrados, muros e vestiários. Em sua passagem, deixou certa nota de pessimismo, já que fez transparecer um rigor em excesso por parte da entidade que controla o futebol em São Paulo.

Aconselhou ainda a visita à sede da FPF e os dirigentes assim o fizeram. Além do presidente Santo Rottoli e do deputado Nagib Chaib, estiveram no local João Carlos Bernardi (que foi presidente em 1969 e integra o movimento atual pela retomada do clube), Luiz Antônio e o jornalista Valter Abrucez. Um clima de apreensão dominou o ambiente esportivo mogimiriano até que, na segunda-feira, 4 de junho, o deputado Nagib Chaib deu a notícia através das ondas da antiga Rádio Cultura.

“O Mogi Mirim está definitivamente na Segunda Divisão de Profissionais”. Os três estádios foram aprovados de forma parcial. Inúmeras ações foram tomadas. Entre elas, uma que chama a atenção. Em 1970, quando Mogi Mirim contava com pouco mais de 40 mil habitantes, a diretoria lançou um carnê com a meta de atingir no mínimo mil sócios. Antes da estreia a marca já estava quase que superada.

O Mogi 70 foi um marco. E sua relevância é ainda maior 50 anos depois. Não apenas pelo que aqueles craques jogaram em campo, mas pelo exemplo de retomada. De reconstrução. A história criada no profissionalismo foi ainda maior que a que existia. É claro que não havia rombo.

E a comunidade mogimiriana vivia a agremiação de forma bem diferente. Mais quente. Respeitando a relevância do clube fundado em 1903. Mesmo assim, o Mogi 70 pode e deve servir de inspiração. Nas próximas edições, vamos falar mais sobre aquela temporada, contando histórias de jogos, personagens e muito mais.

RELATED ARTICLES
- Advertisment -

Most Popular

Recent Comments