quarta-feira, setembro 18, 2024
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A Saúde na sala de espera

Considerado que a saúde é uma obrigação de Estado, definido constitucionalmente como um direito elementar de todo cidadão, a responsabilidade de estabelecer um programa de atendimento e socorro se coloca como prioridade absoluta, por envolver o suprimento de um meio de sobrevida e resguardo da integridade das pessoas.

A dificuldade de conciliar as obrigações mínimas com os orçamentos restritos leva a uma situação de penúria para o setor, que não consegue conciliar a urgência e a emergência com programas eficientes que consigam prover uma estrutura adequada para levar ao atendimento de alcance universal. Por consequência e infelicidade, os apelos para uma Saúde eficaz se transformam em inevitáveis motes eleitorais, invadindo as campanhas em todos os níveis, com projetos mirabolantes e promessas idem.

Em Mogi Mirim não foi diferente. Depois de oito anos do governo de um médico, Dr. Paulo Silva, o sistema de prevenção e atendimento foi praticamente desmontado pela visão administrativa de Carlos Nelson Bueno, que privilegiou alguns setores, mas condenou o setor a um estado de rompimento com todos os instrumentos modernos de cooperação e interação com programas oficiais. Ao fim de seu governo, a Saúde de Mogi Mirim estava um caos e, ironicamente, encerrou o período com extravagante intervenção na Santa Casa de Misericórdia, de efeitos desastrosos.

Gustavo Stupp alinhavou seu discurso político com uma promessa de total reformulação no setor de Saúde pública, com propostas interessantes de transformar a estrutura em um aparato de atendimento descentralizado e com toda a estrutura disponível. Chegou a anunciar que as mudanças seriam sentidas já no primeiro mês de governo, em normal e intempestivo entusiasmo.

Agora, o quadro não é muito diferente da situação herdada. A estrutura prevista carece de detalhamento, ações como o mutirão de exames de especialidades empacaram na falta de equipamentos, o Consórcio de Saúde é uma incógnita fechada qual caixa preta de segurança, o secretário foi afastado para sindicância destinada a apurar irregularidades de contratação de uma empresa para prestar serviço à Prefeitura. Enquanto isto, a Administração se fecha em copas, nega informações elementares, não confirma dados fundamentais, provavelmente acreditando que o silêncio poderá aplacar a crise instalada.

Há muitas perguntas a serem respondidas e muitos passos a serem dados. A transparência é um dever de Estado, não uma prerrogativa. Se o que se espera é uma reformulação no setor, um bom começo é tirar a Saúde da sala de espera e transferi-la para a UTI.

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