A segurança pública de Mogi Mirim parece ter visto na última semana um dos episódios mais tristes e revoltantes registrados na cidade nas últimas décadas. No total, 97 homens da Guarda Civil Municipal (GCM), único órgão de segurança pública municipal, ficaram de “peito aberto” ao verem os coletes à prova de balas vencerem seu tempo de uso. A vida útil do material, iniciada em 29 de outubro de 2013, expirou cinco anos depois, no último dia 29 de outubro, deixando a ver navios um seleto grupo cuja missão é proteger. A segurança se tornou insegurança.
Pode parecer brincadeira, mas a culpa recai na própria Prefeitura, poder responsável por justamente controlar todas as ações em cada uma das inúmeras secretarias municipais e que tem como uma de suas principais funções zelar não só por toda a população, mas seu funcionário, a engrenagem da locomotiva de trabalho.
A bomba, implodida públicamente há dez dias, teve impacto direto na Guarda, que viu parte de sua corporação cogitar uma interrupção no serviço de patrulhamento e atendimento de ocorrências, já que temiam pela integridade física. Claro, hipótese mais do que plausível e que, caso fosse consumada, seria justa e legítima. Como trabalhar sem um dos instrumentos básicos de proteção, sobretudo pela onda de violência vivida pelo município e com o crime organizado com estrutura e armamento de peso? Foi necessário um rápido jogo de cintura e poder de convencimento da cúpula da Secretaria de Segurança Pública para que a situação não se agravasse ainda mais.
O caso requer extrema avaliação sobre até que ponto a gestão de Carlos Nelson Bueno, adoradora de belas palavras e por encher o peito para dizer que vem fazendo o melhor pela cidade, realmente quer transformar o discurso em realidade. Como não antecipar a compra e ter em estoque os coletes prontos para substituição assim que os outros vencessem? Qual a razão para o atraso na aquisição? Não existe um setor de compra dentro da Prefeitura responsável justamente para isso? Quem falhou? A Secretária de Segurança, a de Suprimentos? Onde estão as respostas, Poder Público?
O episódio escancara, além da falta de planejamento e desrespeito à Lei Municipal n° 5.653, de 14 de abril de 2015, de autoria do vereador Manoel Palomino (PPS), justamente um Guarda Civil Municipal, sobre a obrigatoriedade de fornecimento de colete à prova de balas aos guardas, uma irresponsabilidade de proporções gigantescas, lembrando os piores dias da gestão de Gustavo Stupp. Correr atrás do prejuízo em cima da hora não basta. O equívoco já foi cometido. O caso é sério e precisa ser tratado como exemplo negativo. Uma mancha na atual gestão, difícil de ser apagada.