Quantas vezes nós “agredimos” as pessoas que mais amamos? Ou você nunca se perguntou por que age assim com quem está sempre ao seu lado? Será que as pessoas não podem ter os problemas delas e eu não posso compreender por pelo menos uma vez e acolher seu momento de aflição? Gosto muito da metáfora abaixo e quero compartilhar com vocês.
“Quando eu ainda era um menino, minha mãe gostava de fazer um lanche, tipo café da manhã, na hora do jantar. E eu me lembro especialmente de uma noite, quando ela fez um lanche desses, depois de um dia de trabalho muito duro. Naquela noite distante, minha mãe colocou um copo com leite e um prato com torradas bastante queimadas para o meu pai e me lembro de ter esperado um pouco para ver se alguém notava o fato. Tudo o que meu pai fez foi pegar a sua torrada, sorrir para minha mãe, e me perguntar como tinha sido o meu dia na escola. Eu não me lembro do que respondi, mas me lembro de ter olhado para ele lambuzando a torrada com manteiga e geleia e engolindo cada pedaço. Quando eu deixei a mesa naquela noite, ouvi minha mãe se desculpando por ter queimado a torrada e eu nunca esquecerei o que ele disse:
– Amor, eu adoro torrada queimada.
Mais tarde naquela noite, quando fui dar um beijo de boa noite em meu pai, eu lhe perguntei se ele realmente gostava de torrada queimada, ele me envolveu em seus braços e me disse:
– Filho, sua mãe teve um dia de trabalho muito pesado e estava realmente cansada, além disso, uma torrada queimada não faz mal a ninguém. A vida é cheia de imperfeições e as pessoas não são perfeitas e eu também não sou o melhor cozinheiro do mundo. O que tenho aprendido através dos anos é que saber aceitar as falhas alheias, relevando as diferenças entre uns e outros é uma das chaves mais importantes para criar relacionamentos saudáveis e duradouros e essa lição serve para qualquer tipo de relacionamento: entre marido e mulher, pais e filhos, irmãos e amigos.
Agora eu te pergunto: como “você” está na sua vida de relação? Tem aceitado as torradas queimadas ou, cobra dos outros, o que nem você mesmo faz? Assim como você, todos têm seus problemas e suas preocupações e não são maiores ou menores que as suas. Apenas são conflitos da própria pessoa e, por isso, respeite-as.
Precisamos agir de forma mais devagar, esperando observar o contexto como um todo e não apenas tirar uma foto do momento atual e já julgar pela sua régua. Aliás, quem disse que a sua régua é a certa?
Pare, pense, reflita, olhe para o lado e faça um momento de consciência de como vem agindo com as pessoas que estão à sua volta e jamais esqueça: na maioria das vezes, quem vai socorrer você de uma complicação é quem mais você “agride”.
Beijo no seu coração e um ótimo final de semana.
Flávio Campos