Toda festa popular requer organização, planejamento e dedicação. São inúmeras pessoas envolvidas em uma causa única, que precisa ser programada com extremo cuidado, a fim de levar ao público momentos que mesclem lazer, alegria e satisfação. Em muitos casos, festas populares movimentam toda uma cidade, que se debruça na tradição e faz de horas momentos que valem por um ano todo. Até por uma vida.
Em Mogi Mirim, um desses momentos, aguardado com ansiedade por parte da população é a Romaria de Cavaleiros, uma festa tradicionalíssima, anualmente organizada no bairro da Santa Cruz, sempre na primeira semana de maio. Perto de completar 50 anos, viu sua quadragésima nona edição escapar pelos dedos e ser cancelada pela Paróquia de Santa Cruz e comissão organizadora, frustrando não só cavaleiros, mas diversas pessoas, amantes da festa.
Como alegação oficial, uma evasiva justificativa de sugestão na mudança de horário da tarde para a manhã, não aceita por integrantes da comissão organizadora. A perda do ‘espírito cristão’ também foi usada, em outras palavras corroborando com a tese de que a bagunça instalada após o desfile dos cavaleiros, com festa regada a muito álcool, som alto e música, foi sim, uma das principais justificativas para o fim da Romaria.
O motivo é justo, já que uma festa tradicional vinha perdendo espaço para um bando de baderneiros, que mais preferiam tomar cerveja, assar carne, fazer sujeira na porta de casas e celebrar sem limites, do que saudar a data da forma mais tradicional possível: no lombo de um cavalo. É aí que entra a responsabilidade de quem organiza e fiscaliza a festa.
Caberia à comissão organizadora, Paróquia de Santa Cruz e Prefeitura estabelecer regras, delimitar espaços e evitar que o bairro fosse tomado por uma festa que não condiz com a tradição e religião, características principais da Romaria. Basta fiscalizar. O Conselho de Turismo, órgão voltado para impulsionar o setor na cidade, poderia agir e se encarregar por resgatar a festa e levar ao público uma organização que se espera deste tipo de evento.
Coibir a algazarra não é difícil e existem meios para que isso aconteça. Faltou pulso firme e coragem de mostrar para meia dúzia de arruaceiros como a festa deveria acontecer. Se o problema é a bagunça generalizada e a desordem, que se elimine a festa e se preserve a Romaria. Simplesmente acabar não parece ser a melhor solução para uma cidade tão carente de atrações turísticas. No final das contas, quem perde é a população, quem perde é a cidade.