Durante muitas gerações, tudo o que se esperava de uma mulher era que ela ficasse em casa e cuidasse do lar. Trabalhar fora era sinal de extrema pobreza e condição inaceitável aos olhos da família. Ao longo da história, a transformação desse ideal corresponde a uma das principais evoluções da sociedade moderna.
Dos anos 70 para cá, a diferença é gritante, as mulheres ganharam força e poder econômico, tornaram-se responsáveis por transformações culturais e mercadológicas, desempenhando as mais diversas atividades profissionais e diluindo o preconceito.
Mas, o que aconteceu no decorrer dessa longa e sofrida história para que se operasse tal transformação? A conquista do mercado de trabalho representou para a mulher um extenso percurso de suor e vitórias, e a evolução histórica de suas profissões e atividades talvez possa esclarecer melhor os bastidores dessa luta.
Nesse contexto, às vésperas da Revolução Industrial, a mulher das camadas populares foi submetida à produção fabril – divisor de águas na história das profissões femininas. A Era Industrial incorporou subalternamente o trabalho da mulher no mundo da fábrica, aproveitando suas facilidades com o manejo de tecidos e separando, definitivamente, as atividades domésticas do serviço remunerado fora do lar.
Durante todo o século XVIII, as perspectivas de trabalho para as mulheres se expandiram, mas, em decorrência do alto contingente de operárias, os salários baixaram ainda mais. Da parte dos homens, temia-se que a “intrusão” feminina resultasse numa queda salarial para todas as classes trabalhadoras. Não faltou quem as acusasse de roubar seus postos de trabalho.
Essa abertura do mercado desenvolveu a versatilidade e a flexibilidade de funções no perfil da mulher, visível ainda hoje em suas relações sociais. Em seu itinerário, ficaram acumulados os afazeres do lar e as atribuições do cargo nas fábricas. A ela cabia, agora, cuidar da prole, das obrigações domésticas e também do trabalho remunerado, acúmulo que positivamente influiu em seu caráter ousado e independente. No decorrer da história, a mulher se mostrou peça fundamental tanto no âmbito familiar quanto nas relações profissionais do mercado.
A grande conquista feminina no mercado de trabalho ocorreu somente com o início da Segunda Guerra Mundial, quando as mulheres se tornaram uma importante mão-de-obra para as nações europeias. A indústria bélica não poderia parar e ficou a cargo de muitas mulheres a fabricação de peças para armas, tanques e aviões.
É verdade que essa pedra estava longe de encerrar o preconceito e superar as antigas contendas. Ainda assim, a mulher se firmava a cada ano como peça fundamental do mercado, assumindo profissões tidas como predominantemente masculinas. Já foi o tempo em que a mulher que trabalhava como motorista de ônibus, árbitra esportiva ou mestre de construção civil causava choque na sociedade. Elas hoje estão em praticamente todas as áreas: na engenharia da computação, aeronáutica, polícia militar, política, no futebol, dentre outras tantas.
Os anos 90, em particular, foram muito favoráveis para o fortalecimento da mulher profissional. Nessa década, a mulher viu aumentar o seu poder aquisitivo, seu nível de escolaridade e conseguiu reduzir ainda mais a diferença salarial em relação aos homens. Hoje, o número de mulheres com formação universitária ultrapassa o saldo masculino. Elas estão crescendo cada vez mais no mercado de trabalho, conquistando lideranças e já assumem o comando das famílias.
As diversas alterações nos padrões culturais e valores referentes aos papéis familiares ao longo da história, intensificadas pelos movimentos feministas que impactaram os anos 70, resultaram no perfil da mulher atual, a cada dia mais produtiva, criativa e independente. O seu sucesso neste ambiente tão competitivo e hostil é resultado direto de sua vitalidade, competência, vigor e persistência na conquista de seu espaço.
Claiton Fernandez é palestrante, consultor e educador. Autor dos livros “Caminhos de um Vencedor” e “Da Costela de Adão à Administradora Eficaz”