sábado, novembro 23, 2024
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A transparência como máxima

A crise envolvendo a saúde pública de Mogi Mirim tomou contornos sérios e reflete na vida da população até hoje. A cada semana, os jornais e noticiários locais mostram a realidade desta área vital, que há tempos está respirando por aparelhos, como se diz por aí. Sabemos que é uma ferida que demorará para ser totalmente curada.
É a realidade, bem diante de nossos olhos. Número nenhum é capaz de contabilizar os danos. A saúde é urgente. É pra agora, pra ontem.
Não se trata mais de Santa Casa ou de Prefeitura. É sobre gente. É sobre vidas. Até quando a população carente terá que conviver neste caos instalado por má gestão? Essa queda de braço entre Poder Público e Instituição não interessa aos tantos Joãos e às tantas Marias que esperam, agoniados, em uma sala repleta de gente, com dores, em uma condição que pode ser considerada até sub-humana, muitas vezes.
Os posicionamentos, frios, de ambos os lados, não aliviam o medo de um familiar observar, lentamente, a morte chegar a quem tanto ama. Ou de uma mãe, que carregou uma vida dentro de si por tanto tempo, já amando aquela “semente” desde o princípio, ver seu bebê lutar para viver já nos primeiros minutos de vida, sem ter uma vaga em UTI.
Nas notas de esclarecimento da Santa Casa, os desabafos são constantes, imputando toda a culpa do que vem acontecendo à Administração Pública. Ora, se os atrasos nos pagamentos eram constantes e os descontos eram injustos, por qual motivo a Irmandade não veio à público para esclarecer o que realmente acontecia? Cabe nos questionarmos também por que o Ministério Público, a Câmara de Vereadores e até mesmo a Justiça não foram procuradas pelo hospital antes, no intuito de fazer valer os convênios assinados e que não estariam sendo cumpridos à risca.
Fazer com que a bomba estoure, tendo a possibilidade de escapar, soa como masoquismo. Sabe-se que hoje a grande maioria dos atendimentos é de pacientes que chegam pelo Sistema Único de Saúde (SUS) – cerca de 98%. Ou seja, um hospital privado, que sobrevive apenas com verba pública, quando se sabe que há trâmites burocráticos que dificultam – e muito – o recebimento pelos serviços prestados. É algo preocupante.
Que nestes tempos sombrios, que, em partes, a própria Santa Casa se colocou, a página seja virada, sempre olhando pra frente, mas sem esquecer do passado. Que a transparência na gestão do hospital dos mogimirianos passe a ser a máxima de quem estiver por lá. Que toda a credibilidade e todo o trabalho construído há 152 anos não se percam e que a população mais carente possa voltar a ter orgulho de uma instituição como a Santa Casa de Misericórdia. É o que todos nós esperamos.

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