sexta-feira, abril 18, 2025
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A transparência que fez falta

Se o governo do prefeito Carlos Nelson Bueno tenta colocar ordem na casa e, diariamente, convive com problemas administrativos das mais variadas esferas dentro da máquina pública, a lista aumentou na noite de segunda-feira. E de maneira totalmente inesperada. Na tribuna da Câmara Municipal, o vereador Tiago Costa (PMDB) denunciou uma suposta, e, diga-se de passagem, real, revisão no salário do prefeito, da vice-prefeita Lúcia Tenório e dos secretários municipais. Ou, como explicado pela Prefeitura horas depois, já na manhã de terça-feira, uma fixação nos subsídios. O aumento, baseado em duas leis complementares, uma de 2012 e outra de 2014, reajustou os vencimentos de forma automática, conforme explicado pela cúpula do governo em entrevista concedida à imprensa.

Entretanto, antes mesmo da entrevista, a notícia já havia sido disseminada como um rastro de pólvora pela cidade. Começou no plenário, invadiu redes sociais e tomou conta de conversas nos corredores da Câmara e Prefeitura. Como Carlos Nelson concederia um próprio aumento a ele, a sua vice e aos secretários em uma das piores crises financeiras vividas por Mogi Mirim?

Em suas palavras, épocas de vacas magras, que de tão desnutridas, morrem de fome e sede. As explicações técnicas por parte do secretário de Finanças Ramon Alonço e do secretário de Negócios Jurídicos Carlos Roberto Marrich Junior elucidaram inúmeras dúvidas, colocando que a revisão não foi algo traçado para o atual quadriênio, mas simplesmente seguiu as duas legislações já existentes.

O fato é que para a imensa maioria da população e para a Promotoria, tais explicações não convencem e o que vale é apenas a real revisão dos salários, o de Carlos Nelson saltando de R$ 17.120 para R$ 20.763,71, o de Lúcia Tenório de R$ 8.560 para R$ 10.361,85 e dos secretários municipais, de R$ 8.453 para R$ 9.613,22.

Neste ponto a Prefeitura comete um equívoco talvez irreparável aos olhos da opinião pública. O de não ter sido transparente no momento oportuno. Se a revisão seguiu parâmetros das legislações passadas, e entrou em vigor de forma automática em janeiro, caberia a Carlos Nelson e seus secretários se manifestarem. A insegurança por uma reação adversa da população logo nos primeiros dias de governo pode servir como justificativa, mas é inegável que um anúncio oficial, detalhando ponto a ponto da situação, assim como feito na terça-feira, poderia ter evitado imenso desgaste. E uma imagem difícil de apagar.

A revisão pode até ser um processo legal nos âmbitos jurídico e administrativo, mas foi imprudência do governo não ter apresentado as informações no início da gestão. A impressão é que o Executivo quis amenizar o fato e não divulgá-lo da maneira como deveria. Assumiu-se um risco e agora paga-se por ele. A tarefa será colocar na cabeça do mogimiriano de que não houve o reajuste. Mais um desafio em apenas seis meses de governo.

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