Desde que o mundo é mundo, existe um manual básico de sobrevivência seguido pela maioria. Nele consta definições como o que sentir em determinadas situações, quais decisões tomar se isso ou aquilo acontecer com você, como deve ser o comportamento quando solteira e depois de casada.
Automaticamente também fazemos assimilações do tipo: “é motorista profissional?” Portanto, dirige bem! “Conversa com alguém olhando no olho?”, Ih, tá dando mole. “Ficou rico?” Certeza que roubou ou, no mínimo, fez alguma maracutaia.
Sim, elas vão sendo modificadas com o avanço da humanidade, mas em passos de tartaruga. As redes sociais escancararam imagens de “como viver e parecer ser feliz, pleno e perfeito”, uma espécie de impressão dessas regrinhas. Mas, ora, somos seres individuais, compostos por uma infinidade de características como cor do cabelo, preferências alimentares, destro ou canhoto, alto ou baixo, tímido ou expansivo. Mas, então, é crueldade nos balizarmos por títulos, sendo esses apenas mais uma referência perto da plenitude de quem somos.
Isso acontece e muito quando trazemos para o papel de pai e mãe e as expectativas criadas em torno dele. Sempre pensei assim, embora antes não tivesse confiança em expor algo que roubasse de mim a capa de maculada que ganhei quando pari. Esses dias isso voltou a matutar entre meus pensamentos. Isso porque, surrupiando a timeline, vi a postagem de uma foto de uma pessoa com sua mãe, falecida há muitos anos. Na descrição dizia “queria ter você aqui para ser meu ombro e me dizer o que fazer”. Sei que soa normal, mas acompanhem meu raciocínio.
Quando criança, ouvia que a relação entre a família nunca foi positiva. Aquela senhora tinha uma vida muito difícil. Não vejo nada de incomum, todos temos nossos desafios. A grande questão é que, levando em conta meu olhar sobre as coisas, aquilo que ela esperava da mãe não era uma verdade possível. Não para elas. Continua…