A intenção aqui não é julgar a vida de ninguém, não é este o foco. Alinhando com a introdução deste texto, o ponto é essa maldição de achar que toda mulher que é mãe fica automaticamente angelical e passa a dominar a arte de ser colo, ser calmaria, ter sempre uma doce palavra e um conselho certeiro.
Não é! E não tem relação com amor. Passo por isso na minha casa, não vou dizer com qual dos dois porque não vem ao caso. Amo tanto que o maior medo da minha vida é perdê-los, mas isso não significa que dou conta de ficar na beira da cama fazendo cafuné antes de dormir.
Minha forma de amar é no cuidado. Tenho a rotina deles super organizada, me preocupo com o presente que vão levar no aniversário, se o uniforme está lavado, se vão ter o que comer à tarde, como vão se locomover de um lugar ao outro, entre outras tantas, mas tantas, mas tantas coisas. Porém, tudo isso por vezes me esgota tanto que não tenho mais energia para trocar duas palavras.
Também não faz parte da minha personalidade ser sensível a ‘mimimi’. É um esforço danado me controlar para não soltar um “deixa de ser mole e larga a mão disso”. Enquanto ouço as lamurias e sorrio com os lábios, uma voz fica insistentemente repetindo na minha cabeça “eles são adolescentes, isso faz parte do mundo deles, escuta, seja doce, não fala, não fala, não fala”, rsrsrs.
Essa é a fórmula certa? De acordo com os manuais, não. Mas, de acordo com a particularidade que criamos no nosso ambiente familiar, sim. É a possível, baseada em quem somos. Nunca deixei de acolher, nem de estar presente, talvez só não a faça da forma esperada pelo mundo!
Já matei trabalho para fazer piquenique a tarde, já comprei coisas para alegrá-los com um dinheiro que nem tinha, já aprendi a fazer polvo de bexiga para decorar aniversário, já andei de carro com o pneu da bicicleta na cabeça. Já…, já…, já…!
A questão é que, se não for angelical, todas essas outras coisas perdem valor, assim como se você for doce, mas não tiver todas as respostas, também. Antes de pertencer a um grupo, somos indivíduos moldados por nossa história e isso precisa ser levado em conta o tempo todo.
Não sei se consegui ser clara, mas é que minha vontade é gritar tudo isso o mais alto que puder na tentativa que possamos ter o direito de sermos autênticos e não através dos romances. Já imaginou a quantidade de menos ansiosos e decepcionados que isso traria?