sexta-feira, novembro 22, 2024
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A vida sem óculos

Quando o Neto tinha pouco mais de um ano, teve uma estomatite das bravas e chorava muito quando tentava comer e por isso decidi levá-lo ao pronto socorro. Na mesma ocasião, a Gabi estava com um machucado inflamado no joelho que não cicatrizava já havia dias. Aproveitando o ensejo, consultei os dois ao mesmo tempo e a sugestão do médico, muito comum àquela época, foi dar uma injeção de benzetacil em cada e assim fizemos.

Tinha 23 anos, estava sozinha com eles enquanto o Alisson trabalhava, não achei que seria a melhor solução do mundo, mas com as ferramentas que tinha e no estado em que me encontrava, aceitei a solução.

Enquanto para o Neto deu tudo certo, a infecção regrediu, a Gabi teve uma mega reação. No dia seguinte o corpo dela ficou vermelho, cheio de bolinhas de alergia e corremos para o pediatra de costume. Foi tão “uau” que tivemos que fazer um monte de exames e ele quis vê-la todos os dias daquela semana.

Nossa, mas por que está contando isso agora? Porque me lembrei dela durante esta semana enquanto estava ansiosíssima pelas manifestações. Como já contei aqui, a Gabi está morando em São Paulo para estudar. Neste final se semana ela tem duas provas, uma aqui mesmo e a outra em Campinas. O que seria comum, neste momento não é. Primeiro temos a dificuldade de chegar até Mogi, depois de ir até Campinas e depois de ter combustível para tudo isso.

Estamos na ‘Hora H’, no “vai ou racha” e gostaria que ela tivesse o máximo de tranquilidade e constância possível. Acreditem ou não, pensei até no quanto custaria contratar um helicóptero para resolver o deslocamento rsrsrs.

Para meu cérebro maluco a ligação entre essas duas histórias consiste em entender o quanto as decisões vão ficando muito mais complexas e fugindo do nosso controle. Para resolver a questão de um medicamento mal aplicado, levei cinco dias indo ao consultório. Embora isso custasse tempo, estava na minha mão, era só colocar a galera embaixo do braço e seguir.

Agora, por mais empenhada que esteja, pouco posso fazer. Posso me solidarizar e pensar em soluções, querer alugar um avião e só. Ainda que quisesse, não posso trocar a data do vestibular, por mais coragem que tenha, não tenho como abrir caminho para os caminhões levarem combustíveis até os postos e nem para dar tapinha nas costas das pessoas pedindo para que fossem para suas casas.

O lado bom é que o desgaste físico acaba sendo menor. Já o que continua igual é o “estar aqui disponível”. Mesmo que longe fisicamente, é a vontade de fazer o melhor que eu posso com as ferramentas que tenho. Tomara que basta.

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