Era 27 de dezembro de 1904. O jornal O Mogyano registrava, em uma das páginas daquele então bissemanário, notícias sobre a presença de uma companhia de fantoches em Mogi Mirim, uma partida dançante no Club União Republicana e celebração na capelinha do bairro do Tucura para Santa Luzia.
No mesmo espaço, o tradicional “chapéu” destacava, em uma boa porção de parágrafos, o noticiário esportivo: Sport. Era a última informação daquela cobertura da Liga do Centro. Nas palavras do redator, o relato. “Está terminado o Campeonato da Liga do Centro este ano. Coube a vitória ao Sport Club (sim, o nosso Mogi Mirim), desta cidade, que vai nomear uma comissão dentre seus sócios para receber, em Campinas, o prêmio disputado”.
Após meses de torneio, com seis clubes participantes, de cinco cidades da região, o troféu ficou com o Mogy-mirim Sport Club. Foi o primeiro campeonato conquistado pelo clube que, em outubro deste ano, completará 118 anos de história. O Mogyano prosseguia, indicando que “todos os clubes da Liga entraram já com as respectivas cotas para a aquisição do prêmio e, assim, embora alguns deles se tivessem retirado, satisfizeram o compromisso assumido pelos seus delegados nas primeiras reuniões”.
O periódico ainda garantia que, em 1905, todos os clubes fundadores tomariam parte do campeonato. “Ao Mogy-mirim Sport Club damos sinceros parabéns e auguramos-lhe novos triunfos no próximo ano”, exaltou o jornal. Para fechar, a nota ainda anunciava que, “dentre em pouco”, o Sport anunciaria uma reunião de sócios para eleição da diretoria e preparos para 1905.
Como destaquei na minha última coluna, a reta final da Liga do Centro não conta com uma cobertura tão rica. A última notícia de um jogo saiu no dia 23 de novembro de 1904, quase um mês antes do anúncio do fim do torneio. No domingo, 20, o Sport Club venceu o dérbi municipal, diante do Foot Ball Team, por 1 a 0, naquela que foi a 13ª partida da competição.
Com este último artigo, encerro esta série que, confesso, foi prazerosa de relatar. Tivemos, aqui em Mogi, um dos primeiros campeonatos regionais do Brasil e, quiçá, da América do Sul. É motivo de orgulho. E, sem dúvida, de inspiração para aprofundar as pesquisas sobre ele e, quem sabe, no futuro, complementar as informações que restam. A eterna luta para preencher lacunas é um dos motivos para se apaixonar por historiografia. Até a próxima!