quinta-feira, novembro 21, 2024
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“Acidente foi sucessão de erros”, diz bombeiro

A morte de um garoto de 12 anos, atacado por abelhas no domingo, pode ter sido causada por uma brincadeira. De acordo com João Antônio Faustino, de 43 anos, o pai do menino Davi, instantes antes do enxame voar sobre eles, a dupla fazia uma pichação no local “para eternizar o momento”. Para o bombeiro socorrista Alexandre Salzani, que é especialista em resgate em montanhas e cavernas, as abelhas devem ter ficado agitadas devido ao odor forte da tinta utilizada, já que o local onde as inscrições foram feitas nas pedras ficava perto de uma fenda onde a colméia estava instalada.

Salzani explica que o local, por si só, é perigoso e inadequado para a prática de rapel, já que as pedras se soltam com facilidade. Além disso, a presença de insetos e outros animais pode representar um perigo para quem não está habituado com os esportes de aventura.

De acordo com o bombeiro, o acidente foi uma sequência de erros, já que o grupo de praticantes de rapel entrou em uma área particular e ainda depredou o local com uma pichação, fato que alvoroçou os insetos. “As abelhas já ficam agitadas com o calor excessivo, e o barulho da atividade do grupo no local deve tê-las irritado mais, além do odor das partículas de tinta, que foi o que bastou para ocorrer o ataque”, conta.

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Insetos teriam ficado agitados após pichação e atacado pai e filho na Pedreira Degrava. (Foto: Everton Zaniboni)

Outro fato apontado como erro pelo especialista em resgate em altura foi a tentativa das vítimas de subir de volta ao topo para escapar do ataque. “Se o pai fosse experiente mesmo, ele teria descido, já que a descida é mais rápida que a subida, e a água é o lugar ideal para escapar das abelhas”, conta.

Salzani aponta os equívocos com a experiência de quem já atuou fora do país como instrutor de resgate em montanhas e de quem já retirou vários enxames na cidade. “Há alguns anos os bombeiros faziam esse serviço, hoje são apicultores que removem os enxames, já que algumas vezes era preciso matar os insetos e isso se tornou crime ambiental”, relata. Os ataques de abelhas, marimbondos e vespas em enxame são raros, segundo o bombeiro, e o a equipe de resgate só é chamada para esse tipo de caso mais sério.

Como agir

Alexandre Salzani dá algumas dicas de como agir em caso de ataque de abelhas, e a primeira delas é não mexer em uma colméia. Outra informação importante é fazer silêncio ao andar na mata, pois se houver um enxame, o zumbido coletivo de insetos pode ser ouvido com mais facilidade, sendo possível desviar do caminho das abelhas.

Se houver a ferroada da abelha, o bombeiro instrui a não matá-la, já que o ato de esmagar o bicho libera feromônios que atraem as outras integrantes do enxame. Se o grupo de abelhas atacar, o ideal é encontrar um local que tenha água para se abrigar delas.

Relembre o caso

Na tarde de domingo, o menino Davi e seu pai, João Antônio, foram atacados por um enxame de abelhas enquanto praticavam rapel na Pedreira Degrava, no bairro Morro Vermelho. O pai afirmou em entrevista que tem mais de dez anos de experiência no esporte, e que há três anos levava o filho para praticar junto.

Era a primeira vez que estavam no local, e quando haviam descido mais da metade do paredão de pedra e parado para fazer uma pichação, as abelhas atacaram. O menino levou mais de mil ferroadas e foi levado ao hospital por amigos que estavam no local. O pai esperou socorro dos bombeiros.

Já no pronto-socorro, Davi sofreu paradas cardiorrespiratórias devido a um choque anafilático, uma reação alérgica à toxina das abelhas, e acabou falecendo.

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