Na última semana, duas ações com o objetivo de conscientizar e empoderar as mulheres foram realizadas em locais distintos de Mogi Mirim. Uma das ações ocorreu na segunda-feira, na Scult Academia para Mulheres, localizada no Centro, e a outra foi realizada na noite de quarta, no cursinho popular São Joaquim e Sant’Ana, o Sanquim, localizado no bairro Santa Luzia. A primeira ação foi voltada para a saúde da mulher, em alusão à campanha Outubro Rosa, de combate ao câncer de mama, uma das maiores causas de morte de mulheres. Já a segunda atividade, realizada por meio da parceria entre os professores, estudantes e membros da comunidade, tratou sobre o feminicídio, que é o assassinato de mulheres, por meio de uma espécie de bate-papo sobre os fatores que podem gerar fatalidades, como as cotidianamente ocorridas na cidade e, infelizmente, no Brasil como um todo.
A atividade especial realizada na Scult, academia só para mulheres, ocorreu por meio de uma aula especial de zumba, com o tema: “Declare seu amor por você mesma! Um toque pode salvar a sua vida!”. O movimento Outubro Rosa nasceu na década de 1990, com o objetivo de estimular reflexões sobre a importância da conscientização sobre o câncer de mama.
Segundo o Instituto Nacional de Câncer, o Inca, a doença pode ser detectada durante o início, e as próprias mulheres podem, ao tocar seu corpo, identificar algum tipo de anormalidade nas mamas. Os principais sintomas do câncer de mama (que podem ser de tipos variados) são: caroços (nódulos) enrijecidos e fixos, pele avermelhada ou parecida com casca de laranja, alterações nos mamilos, pequenos nódulos na região da axila ou no pescoço e ainda saída espontânea de líquido dos mamilos.
O Inca indica que as mulheres procurem o serviço de saúde em caso dos sintomas. Além disso, orienta que mulheres com idade entre 50 e 69 anos façam a mamografia a cada dois anos.
Tipos de atividade que visem conscientizar as mulheres, como a realizada pela academia, são de extrema importância. Quanto maior a quantidade de informações que uma pessoa recebe, em especial as mulheres, mais são as chances de autonomia, de tomar as rédeas da própria vida, de se tornarem empoderadas – termo muito utilizado na atualidade.
“Esse mês colocamos algumas mensagens na parede, fizemos lembranças com o símbolo da campanha, para as mulheres se lembram da importância de se tocarem, em cuidarem de seus corpos. Faço evento justamente porque há pessoas que nem sequer sabem da existência do Outubro Rosa”, explicou a proprietária da Scult, Fernanda Rosa.
Já a ação referente ao feminicídio ocorreu por meio de parcerias entre dois coletivos, o Coletivo Cine Itamara Dias e o Coletivo Educacional de Mulheres Maria Lacerda de Moura, em conjunto com os estudantes e apoio do próprio cursinho onde a atividade foi realizada. Nesta semana, mais um caso de feminicídio foi registrado na cidade, quando uma mulher foi espancada até a morte por seu companheiro.
A atividade já havia sido agendada posteriormente, mas com o caso em pauta, o bate-papo se mostrou ainda mais urgente. Participaram alunos, professores e até mesmo o pai de Itamara Dias, que foi morta neste ano na cidade vizinha, Mogi Guaçu, na ocasião por seu também companheiro.
Segundo dados do Mapa da Violência 2015, o Brasil está em quinto lugar no ranking dos países em que há mais feminicídio. Lembrando que o feminicídio se trata do assassinato de mulheres por conta de gênero, por menosprezo.
No entanto, antes das mulheres serem assassinadas é comum que passem por uma série de violências, como agressão verbal, patrimonial, sexual, física, como chutes, socos e beliscões, por exemplo.
As ações realizadas tiveram temáticas diferentes. No entanto, informações nunca são demais e, mesmo que nenhuma mulher presente nas ações precisasse do conteúdo disseminado naquele momento, as temáticas foram problematizadas e voaram, podendo chegar a outros espaços.